PSOE. À espera do comboio na paragem do autocarro

O líder do PSOE está a bater-se pela sua sobrevivência política e pela do seu partido. O PSOE teve o seu mais baixo resultado eleitoral de sempre. Perdeu muito menos votos e deputados que o PP, mas mesmo assim foram mais de milhão e meio. Os dois partidos, que costumam alternar no Palácio da Moncloa,…

PSOE. À espera do comboio na paragem do autocarro

Como está no centro do tabuleiro político, o PSOE tem mais hipóteses, tal como o seu congénere português, de fazer maiorias. O problema é que, se está no centro do ponto de vista da esquerda e da direita, está num extremo acompanhado com o PP, do ponto de vista do seu “espanholismo”, e isso dificulta-lhe o diálogo com bascos, catalães e até com o Podemos.

A ida a Lisboa para visitar António Costa, que conseguiu perder as eleições e ganhar o governo, é uma forma de dizer que só não há governo de alternativa ao PP em Espanha porque o Podemos não facilita, ao não abandonar as suas reivindicações de permitir aos catalães decidirem a sua vinculação a Espanha; e também que os barões do seu partido, capitaneados pela chefe da Andaluzia, Susana Díaz, tudo fizeram para o derrubar da liderança do PSOE depois das eleições de 20 de dezembro. Como assinala o editorial do “El País” de ontem, o PP perdeu mais do dobro dos votos do PSOE, mas como geriu a crise em silêncio, ela pareceu menos grave. “Em alguns momentos, o espetáculo que estão a dar os líderes do PSOE, como reconheceram alguns deles, não só está a socavar que possam chegar a conseguir um governo para a mudança como está a pôr em causa a sobrevivência de um partido com mais de 100 anos de história”, defende o editorialista.

É quase certo que vão ser repetidas as eleições legislativas de 20 de dezembro, e quase todos os analistas afirmam que isso prejudicará em muito o PSOE e o Ciudadanos, mas Pedro Sánchez ainda tem ainda algumas cartas para tentar formar governo e evitar ser corrido da liderança do partido: pretende conseguir a abstenção de Albert Rivera e do Ciudadanos – que são, como o PSOE, os que mais perdem com a repetição das eleições – numa possível indigitação de Sánchez à frente do governo; joga também com a convocação de eleições na Catalunha que vão diminuir a pressão independentista, o que lhe vai permitir negociar com o Podemos com menos necessidade de traçar linhas vermelhas; e por fim, a convocação dessas mesmas eleições catalãs dificulta a convocação antecipada do congresso do PSOE, que os barões do partido querem para correrem com ele. Lisboa é uma última viagem.