Stop

A indústria da noite sofreu, ao longo dos anos, um forte revés com as chamadas operações stop.

Os portugueses estavam habituados a conduzir com excesso de álcool e levaram algum tempo, se é que já se habituaram, a deixar o carro em casa quando optam por sair à noite. «Não bebi assim tanto e além disso conduzo com cuidado» era umas das frases mais ouvidas. Como as operações não diminuíram, bem pelo contrário, muitos deixaram de se aventurar pelas estradas da noite. Afinal, uns porque não gostavam de estar à espera de táxi, outros porque não achavam piada a não poderem mostrar a sua ‘bomba’. Outros havia e há que por questões culturais não prescindem de se deslocar no seu carro.

Em abono da verdade diga-se que as operações stop só apareceram porque muitos cometiam autênticas loucuras nas estradas e punham a vida dos outros, além das suas, em perigo. Já se sabe que nestas matérias o bom senso não existe e como tal a Polícia passou a jogar tudo pela madrugada e principalmente ao fim-de-semana. Contudo, nos últimos tempos não há um único dia, mesmo com as cidades praticamente desertas, em que os agentes da autoridade não estejam num beco à espera dos poucos condutores que se arriscaram a conduzir depois de terem ingerido bebidas alcoólicas.

Confesso que acho que existe algum exagero e até um certo fundamentalismo nestas operações. Alguém que vá jantar e beba três copos de vinho arrisca-se a ser autuado, quando o desejado seria que a Polícia tivesse uma intervenção mais activa em relação a quem comete manobras perigosas…

Por outro lado, nos últimos tempos tenho constatado que as operações stop começam por volta das 22 horas e as polícias optam por cercar bairros onde há muitos restaurantes. O que levará, inevitavelmente, as pessoas a deixarem de ir a esses sítios, pois não estão para correr riscos. Um bom exemplo são locais como Moscavide, às portas de Lisboa, em que a Polícia aguarda pacientemente pelas dezenas de comensais que lá foram pelas iguarias e acabam ‘pescados’ ao acusarem os valores mínimos proibidos. Dir-se-á que tem de ser assim. O comércio não pensará da mesma forma.

vitor.rainho@sol.pt