Talibã impõe cada vez mais restrições às mulheres

Os talibãs baniram as mulheres da maior parte das esferas da vida pública e proibiram as raparigas de ir à escola para além do sexto ano

Um relatório da ONU divulgado esta segunda-feira revela que os talibãs estão a restringir o acesso das mulheres afegãs ao trabalho, a viagens e cuidados de saúde se não forem casadas ou não tiverem um guardião masculino.

O documento dá o exemplo de funcionários do Ministério dos Vícios e das Virtudes aconselharem uma mulher a casar-se se quisesse manter o seu emprego num centro de saúde. O argumento é que era inapropriado que uma mulher solteira trabalhasse.

No seu mais recente relatório trimestral, incidindo sobre o período entre outubro e dezembro de 2023, a Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA, na sigla em inglês) afirma que os talibãs estão a reprimir as mulheres afegãs que são solteiras ou que não têm um guardião ou tutor masculino, um ‘mahram’, a acompanhá-las.

Três mulheres profissionais do setor da saúde foram detidas em outubro passado por irem trabalhar sem um ‘mahram’. Foram libertadas depois de as suas famílias terem assinado uma garantia escrita de que não voltariam a repetir tal ato, refere o relatório.

Os talibãs baniram as mulheres da maior parte das esferas da vida pública e proibiram as raparigas de ir à escola para além do sexto ano, no âmbito das rígidas medidas que impuseram após a tomada do poder em 2021. Isto apesar de terem inicialmente prometido um regime mais moderado.

O principal porta-voz dos talibãs declarou que o relatório da ONU assenta sobretudo em mal-entendidos e acusou a UNAMA de ignorar ou criticar a lei islâmica (a Sharia).

Em comunicado, Zabihullah Mujahid defendeu que estando um Governo islâmico no poder no Afeganistão, este deve “aplicar plenamente todos os aspetos da Sharia, tanto para homens como para mulheres”.

Tal significa impor regras relativas ao ‘hijab’, à tutela masculina e à segregação de género para as mulheres na educação e no trabalho, afirmou.

“Se a UNAMA critica estes casos ou considera as regras islâmicas explícitas um ato contra os direitos humanos, então isso é um insulto às crenças de um povo”, defendeu o porta-voz do regime talibã afegão.