Com as suas mais de mil páginas, a reunião das décadas de ferocíssimo exame crítico da poesia contemporânea levada a cabo por Joaquim Manuel Magalhães na imprensa resulta num tijolo (com selo da Bestiário) que poderá partir qualquer vitrina, mas que, se aberto e lido, nos oferece tantos motivos de repulsa como de deslumbramento, constituindo em…
O aclamado autor, discípulo de George Steiner e amigo de W. G. Sebald, explica que cada biografia que escreve é «uma viagem de descoberta». E defende apaixonadamente que a ciência e as artes não podem estar de costas voltadas.
De Jean-Luc Nancy, filósofo com alguma fortuna editorial entre nós, desaparecido no ano passado, chega-nos O Prazer no Desenho. Escrito para o catálogo de uma exposição, este texto de um dos nomes mais conhecidos de uma corrente de pensamento, a desconstrução, é uma interrogação sobre aquilo que, da arte, diz respeito ao prazer.
O projecto de traduzir todos os poemas de Celan é de uma ambição desmesurada, um feito a que poucos se atreveram, e por bons motivos. Tratando-se de uma obra empenhada em revirar a língua alemã com um furor vingativo, os poemas estão investidos de um grau de invenção idiomática e de uma radicalidade expressiva que…
Aos 84 anos, morre o autor norte-americano de origem sérvia, um poeta que viu o perigo de a História se tornar uma espécie de moral absolutizante, e de nos vermos encerrados na retórica degenerada que permite que os crimes prossigam e os inocentes sejam chacinados “enquanto um tipo na televisão arranja desculpas”.
Um romance autobiográfico sobre um grupo de travestis que se prostituem num parque da cidade de Córdoba, na Argentina, tornou-se uma sensação literária em vários países, cravando bem fundo uma machadada na hipocrisia do actual discurso identitário.
Morreu, na passada quinta-feira, aos 71 anos, o escritor francês Christian Bobin. Com um sentido muito claro da exigência de uma vida religiosa, através dos seus ensaios poéticos buscou traçar um caminho de esplendor de volta aos antigos e difíceis exemplos da fé cristã.
Um vigilante e um desmistificador, detendo-se em questões tanto da arte e da literatura, como da história, da sociologia e da política, este enormíssimo ensaísta e poeta alemão morreu na passada sexta-feira, aos 93 anos.
Ex-jornalista promete fazer várias revelações.
A Simon & Schuster já emitiu um pedido de desculpas e assegurou que todos terão o seu dinheiro devolvido.
Na semana do centenário do nascimento de José Saramago (1922-2010), selecionámos oito títulos recentemente publicados que nos ajudam a descobrir a vida, a obra, a personalidade e até os pensamentos mais íntimos do Nobel da literatura português.
Como um advogado dos pecadores, loucos e desejosos frente ao tribunal da santa inquisição dos nossos dias, em O Ponto G do Homem um antropólogo italiano monta também uma defesa em causa própria, sinalizando o conteúdo ilícito e oracular do desejo e recusando a letra escarlate que se tem imposto à condição masculina.
Especialista em Grécia antiga, Mendelsohn oferece-nos uma versão mais ligeira e optimista das deambulações de Sebald através de um espaço físico e psicológico marcado pela destruição.
Há um culto aos gatos com uma tradição longuíssima e que remonta, pelo menos, ao Antigo Egipto. Na época moderna, já superada a tentação de remeter tudo para a adoração das divindades, não têm faltado na literatura exemplos de grandes escritores que tiveram com o gato as maiores atenções. Entre nós, Rui Caeiro (1943 -2019)…
Uma nova antologia, belíssimamente ilustrada, em jeito de homenagem, com pinturas e desenhos de Cruzeiro Seixas, oferece-nos uma panorâmica abrangente e talvez excessivamente inclusiva das representações do homoerotismo na poesia portuguesa desde os cancioneiros medievais galaico-portugueses até aos dias de hoje.
Cabe à literatura puxar os assuntos que todos procuram evitar. E no romance A História de Roma, Joana Bértholo concebeu uma cativante narrativa íntima que, a partir dos desafios que levanta a maternidade, nos confronta com as questões mais duras que hoje se colocam perante nós.
Com o tempo mais frio a convidar ao recolhimento e à leitura, chegam às livrarias algumas das principais apostas das editoras para este ano. Da leveza de Kundera aos meandros sinistros da Rússia de Putin, propomos uma colheita diversificada, para saborear sem pressa.