IRC: Consenso mais longe

O PS afasta-se do Governo na reforma do IRC. Os socialistas consideram ser “mau sinal” que a votação na generalidade do novo código tenha já sido agendada para esta semana – com o tema do Orçamento demasiado quente para consensos.

fonte oficial do ps sublinha que os socialistas “souberam pela televisão do agendamento do irc para antes do orçamento do estado”. entretanto, no rato, vai-se lendo as mais de cem páginas da nova lei – que será discutida esta quarta-feira, no parlamento. “só depois de olharmos para as propostas decidiremos o sentido de voto”.

na reacção socialista, avulta ainda outra queixa. das propostas do ps, em matéria de irc, apenas foi acolhida a de baixar a taxa do irc para 12,5% dos lucros retidos – uma medida que apoia as pequenas e médias empresas. as restantes aguardam em comissão uma discussão com a maioria.

esta semana, o dirigente nacional eurico brilhante dias reiterou que o ps vê de forma negativa a anunciada queda do irc, de 25% para 23%. o “governo prescinde de 250 milhões de euros de receita fiscal em sede de irc, de forma transversal, sendo igual para grandes e pequenas empresas, e ao mesmo tempo mantém a sobretaxa de irs, não diminui o iva da restauração e corta salários e pensões de sobrevivência”, disse o membro do secretariado do ps. “a política é feita de justiça – e isto é muito injusto socialmente”, concluiu.

no governo o afastamento dos socialistas foi anotado. “vamos precisar de ser pacientes. esse consenso é muito importante para que a reforma tenha lastro futuro. os parceiros sociais podem ajudar”, espera um ministro.

orçamento para o tc?

quanto ao orçamento do estado, o ps não abre o jogo sobre a sua estratégia, sabendo-se apenas que o chumbo é certo. ontem alberto martins escusou-se a esclarecer se os socialistas vão recolher assinaturas de deputados para enviar o diploma para o tc em fiscalização sucessiva. “agora é tempo de fazer a discussão política, no espaço público”, disse o novo líder parlamentar do ps. o pedido de fiscalização da constitucionalidade “é uma questão sequencial”.

os socialistas podem ainda pedir a cavaco silva que envie o oe, em fiscalização preventiva. a pressão sobre o presidente já começou – com a ugt a anunciar que vai requerer ao pr a actuação dos juízes do palácio ratton.

[corrigida às 10h52]

manuel.a.magalhaes@sol.pt

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