Lisboa poupa na energia

A energia gasta pelo Hospital de Santa Maria, em Lisboa, equivale ao consumo da cidade de Beja. E se a unidade hospitalar poupar 20%, a redução será equivalente aos gastos do Fundão. Os exemplos são de Filipe Vasconcelos, director-geral da ADENE – Agência para a Energia, que está a promover em Portugal o programa ELENA,…

trata-se de uma iniciativa do banco europeu de investimento (bei), que disponibiliza uma linha de crédito até 36 milhões de euros para as empresas que ajudem o desempenho dos organismos públicos.

a adene vai identificar quais os organismos que estão a desperdiçar energia. depois, faz a ponte com as empresas do sector energético, tratando de toda a papelada. as entidades públicas só têm de aceitar participar no projecto. as empresas energéticas candidatam-se à linha de crédito através de concurso público e, se forem seleccionadas, fazem alterações nos edifícios, com vista à poupança energética.

“as empresas chegam e implementam. é renovação chave-na-mão”, explica filipe vasconcelos. segundo o director-geral, a verba poupada pelo organismo com a implementação de medidas de eficiência energética é “partilhada durante três ou quatro anos” com as empresas do sector energético. “as empresas têm de ter o seu investimento remunerado”, justifica. depois da saída da empresa do projecto, o organismo público fica com o investimento feito. as mudanças vão desde troca de iluminação a colocação de painéis solares.

três anos para poupar

a iniciativa a três anos arrancou a 15 de outubro. o primeiro ano será dedicado à selecção e montagem dos concursos, o segundo vai focar-se na implementação do projecto e o terceiro na monitorização.

para já, não há nomes de organismos públicos a concordar integrar o projecto. “nesta fase é muito prematuro. há uma série de casos que nós propomos levar em diante, mas depende muito da estratégia da própria instituição”, refere o gestor, revelando, contudo, que há conversações com a câmara municipal de lisboa e diferentes ministérios com edifícios na capital, como o da saúde.

“as autarquias devem manifestar interesse junto da adene e a partir daí iniciamos o processo, para que ao final de um ano tenhamos o projecto montado”, continua filipe vasconcelos.

e porquê a administração pública? “é uma área com um enorme potencial para eficiência energética, mas onde tipicamente ou não há competência ou não há capacidade técnica de preparação dos contratos para irem a concurso”, explica. de acordo com dados da direcção geral de energia e geologia, o sector dos serviços é responsável por 11,4% do consumo energético em portugal.

lisboa e vale do tejo foi a região escolhida porque as outras já têm acesso a linhas de financiamento ou apoios para projectos de eficiência energética. “lisboa e vale do tejo é considerada uma região rica, mas onde existem muitos edifícios da administração pública, grandes consumidores de energia. tipicamente ficava um buraco negro nesta matéria”.

filipe vasconcelos refere ainda que o programa elena têm obrigatoriamente de ser regional, mas antevê que no futuro possa ser alargado a outras zonas: “damos à administração pública um método e uma forma de montar um caderno de encargos que pode depois ser devidamente ajustado e replicado”.

joana.barros@sol.pt