William Vahey, um dos mais reputados professores de colégios internacionais, e sobretudo de escolas americanas no estrangeiro, suicidou-se em Novembro depois de uma empregada doméstica ter descoberto na residência do professor, na Nicarágua, um cartão de memória de computador com provas dos abusos.
O disco foi entretanto entregue às autoridades, que abriram uma investigação internacional aos crimes do que o FBI considera ser um dos pedófilos que mais crianças abusou em toda a história.
Entre as várias escolas em que Vahey trabalhou, a Associated Press refere a Escola Americana de Teerão (Irão), a Escola Americana da Nicarágua, a Escola Americana de Jacarta (Indonésia), a Southbank International School de Londres, a Escola Campo Alegre em Caracas (Venezuela), e colégios no Líbano, Espanha, Grécia e Arábia Saudita.
Os abusos terão durado décadas. Em 1969, Vahey foi detido pela primeira vez depois de ter beliscado os pénis de oito meninos de idades entre os 7 e 9 anos numa escola secundária californiana onde dava aulas de natação. Na altura, com 20 anos, confessou que tocava em crianças desde os 14.
Vahey foi condenado a apenas 90 dias de cadeia e saiu do país dois anos depois, fazendo carreira em várias escolas internacionais. As autoridades dos Estados Unidos perderam-lhe o rasto, apesar do pedófilo ter estado sob a obrigação de comunicar o seu paradeiro, enquanto integrante da lista de abusadores sexuais.
Uma das estratégias utilizadas por Vahey passava por dar bolachas com creme que continham comprimidos para dormir esmagados, abusando e fotografando as vítimas quando estas estavam inconscientes.
O professor de História e de Estudos Sociais atacava sobretudo durante as visitas de estudo que organizava. As vítimas eram quase sempre rapazes, quase sempre loiros ou ruivos.
Quando no ano passado foi confrontado pela empregada, Vahey justificou os abusos com o facto de também ter sido vítima de crimes no passado. “Foi abusado quando era pequeno, é por isso que faço isto. Tenho feito isto a vida inteira”, disse na altura.
Em Londres, e segundo a Associated Press, a maioria dos pais dos meninos que estudaram na Southbank Internacional School na altura em que Vahey leccionou preferem agora não saber se os filhos foram abusados. Pelo menos 60 a 90 crianças daquele colégio foram vítimas de abusos, segundo as imagens contidas no referido disco de computador.
O actual reitor da escola critica duramente as autoridades norte-americanas por terem perdido o rasto de Vahey e não terem avisado as escolas internacionais.
As mesmas críticas faz uma antiga vítima contactada pela Associated Press: “É perturbador. Como é que o sistema permite que isto aconteça durante 45 anos?”