“Eu não me demito”, disse Seguro aos socialistas, esta manhã. E logo depois afastou a ideia de um congresso, sugerindo antes a escolha do candidato a primeiro-ministro, nas primárias. Esta solução não está prevista nos estatutos, mas os homens de Seguro defendem que não é preciso um congresso para a pôr em prática. Basta uma reunião (outra, não esta) da Comissão Nacional.
Mas o que ganha o secretário-geral com esta ideia? Em primeiro lugar, segundo apoiantes seus, ganha iniciativa política. “Seguro estava por baixo, e saltou por cima de Costa”, diz um elemento da entourage. Ganha também tempo. A consulta proposta por Seguro não se realizará antes das férias, sendo atirada para Setembro.
Quanto à questão de saber como Seguro vai ganhar umas eleições abertas, quando era previsível que perdesse umas eleições directas, a resposta passa mais uma vez pela tomada de iniciativa política. “Seguro mostra que não tem medo e que está disposto a enfrentar o adversário no campo que os seus apoiantes diziam que lhe era mais favorável. Como pode Costa agora recusar?”.
O universo eleitoral de umas directas será porém mais alargado que o das secções, concelhias e distritais do aparelho socialista. O estatuto de simpatizantes vai abrir esta votação a ‘novos socialistas’, que poderão corresponder a apoiantes de cada um dos candidatos. Do lado de Seguro, acredita-se que há capacidade para encontrar simpatizantes cativados pela mensagem de Seguro.
Entretanto, a máquina segurista aposta numa mudança de imagem do secratário-geral. Em vez do líder hesitante querem ver mais o líder aguerrido que esta manhã se apresentou na Comissão Nacional do PS, no Vimeiro, disposto ao combate. Por isso fizeram distribuir a intervenção de Seguro no Youtube.
O plano de Seguro passa ainda por agitar as estruturas do partido – um campo em que é notória a vantagem de quem tem mais contacto com ‘o aparelho’, ou seja Seguro. A vitória de uma maioria de federações distritais religitimará o líder. E se ganhar as primárias para primeiro-ministro fica completa a sua vitória sobre Costa. E se perder? “Nesse casao abandona o cargo de secretário-geral. Não faz sentido nem está na nossa cabeça uma solução bicéfala”, diz um homem do círculo de Seguro.
