Em 2013, a pouco menos de um ano do final do programa de ajustamento, o chefe de Estado centrou parte do discurso no futuro que se "avizinhava", repetindo os alertas sobre a urgência de preparar o período 'pós-troika', antecipando desafios.
Em Elvas, o palco escolhido no ano passado para as comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, Cavaco Silva voltou também a assinalar o seu entendimento sobre a forma como um chefe de Estado deve exercer a sua magistratura de influência, recusando embarcar em negativismos e conflitos e envolver-se em jogos entre maiorias e posições. "Tudo farei para actuar de uma forma construtiva, incutindo ânimo e esperança nos meus concidadãos", prometeu o Presidente da República.
No ano anterior, em Lisboa, a mensagem já tinha sido de esperança, embora cautelosa, com Cavaco Silva a apontar "sinais" que permitam ter confiança no futuro.
Contudo, advertiu: "Nada está garantido, até porque é grande a nossa dependência do exterior, mas alguns indicadores permitem-nos ter esperança de que a recuperação económica pode ser uma realidade não muito distante".
O desemprego ocupou lugar de destaque no discurso de 2012, com o chefe de Estado a instar as autoridades portuguesas e europeias a colocarem o problema no "topo das prioridades".
Em 2011, em Castelo Branco, o ambiente que se vivia cinco dias depois das eleições legislativas antecipadas que ditaram o fim do Governo socialista de José Sócrates com a vitória do PSD terá levado o Presidente da República a optar por uma intervenção muito mais 'contida', deixando apenas uma nota sobre a situação do país no final da intervenção.
"Não podemos falhar. Os custos seriam incalculáveis. Assumimos compromissos perante o exterior e honramo-nos de não faltar à palavra dada", sublinhou, poucas semanas depois de Portugal ter assinado o programa de ajustamento.
A contrastar, um ano antes, o discurso em Faro tinha sido bastante mais 'duro', com o Presidente da República a não poupar nas palavras para descrever a situação do país como "insustentável" e apelando ao estabelecimento de um "contrato de coesão nacional".
A justiça nos sacrifícios e o rumo da acção política estiveram também no centro desse discurso, onde Cavaco Silva pediu justiça nos sacrifícios e disse que a sociedade precisa de se rever no rumo da acção política.
Em 2009, em Santarém, a poucos meses de eleições autárquicas e legislativas, o chefe de Estado reflectiu sobre a crise financeira, considerando que o país poderia fazer do "tempo de provação um tempo de esperança" e defendendo "uma visão estratégica de médio e longo prazo, uma visão alheia a calendários imediatos, que poderiam comprometer o futuro e tornar inúteis os sacrifícios que a hora exige".
Há seis anos, em 2008, Cavaco Silva falou em Viana do Castelo do "universalismo português", alertando para que "um país onde as instituições não sejam fiáveis, que não cresça e não inove e sem uma escola de onde saiam elites" dificilmente pode aspirar a uma intervenção relevante no plano externo.
Em 2006 e 2007, Cavaco Silva recuperou uma mensagem muito utilizada por si durante a campanha para as presidenciais, insistindo no apelo ao inconformismo.
"Não me resigno aos fracos níveis de crescimento económico, ao abandono escolar preocupante, à pobreza e exclusão social de tantas famílias, à escassa dimensão das componentes científica e tecnológica do aparelho produtivo", referiu em 2007, em Setúbal.
Um ano antes, no Porto, o chefe de Estado tinha exortado os portugueses a não se resignarem face às dificuldades do país, porque "isso seria indigno do nosso passado, um desperdício do nosso presente e o adiar do nosso futuro".
Lusa/SOL