A Comissão Nacional de Jurisdição recusou o requerimento para a realização de directas e de um Congresso extraordinário electivo, invocando falta de fundamentação e o pleno exercício do mandato dos actuais órgãos nacionais e do secretário-geral. Numa última tentativa de ver aprovada a realização do Congresso, na Comissão Nacional de domingo, António Costa mudou de estratégia – e entregou à presidente do partido, Maria de Belém, esta quarta-feira à noite, uma proposta para incluir como ponto principal da ordem de trabalhos desse congresso extraordinário a alteração dos estatutos do partido.
“Tornou-se evidente que os estatutos estão blindados e então é preciso colocar a questão da sua actualização”, afirma ao SOL o deputado Jorge Lacão. “Há a intenção de alterar os estatutos, a inclusão de outros pontos seria depois discutida”, explica. A decisão de votar este pedido dos costistas na Comissão Nacional está, porém, nas mãos de Maria de Belém que, no Vimeiro, recusou votar a proposta de um Congresso extraordinário electivo. “Não quero admitir que não possamos discutir a alteração de estatutos”, adianta Lacão. Os apoiantes de Costa fazem, ainda, um último “apelo” ao líder para convocar por sua iniciativa o Congresso e eleições, “para tornar mais célere a clarificação interna”.
Mas a realização de um congresso parece cada vez mais improvável. Seguro já disse que não se demite e tem na Comissão Nacional uma maioria de apoiantes. Quanto à última hipótese possível para Costa – ter federações que representem a maioria dos militantes -, está praticamente posta de lado.
Porto, Lisboa, Braga, Coimbra e Setúbal são as maiores federações e têm um peso definitivo na aprovação ou não de um Congresso. Costa tem o apoio de Lisboa, a segunda maior com 12.500 militantes, mas perdeu o apoio de Setúbal (por três votos) e no Porto não chegou a ser votada qualquer deliberação sobre um Congresso. Coimbra não se vai reunir a tempo da Comissão Nacional e Braga tinha uma reunião prevista para ontem à noite. No total, as federações que já manifestaram apoio a Costa – Lisboa, Portalegre, Évora, Castelo Branco, Algarve e Vila Real – não atingem o número de militantes do Porto (20.600).