Se António Costa se queixa de ataques pessoais, aos quais promete não responder, do lado de Seguro a perspectiva é diferente. “Há coisas que não foram ditas nos últimos três anos e vamos dizê-las. O maior ataque pessoal foi este 'sai da frente que quero ir para aí'. É a lei da selva aplicada aos partidos. E os partidos têm que ter regras” – diz ao SOL o secretário nacional António Galamba.
Seguro afirmou-se “magoado” com os adversários internos. Uma mágoa que o leva a dizer o que pensa, depois de três anos de contenção. “Tínhamos sentido de responsabilidade, que outros nunca tiveram e andaram três anos na sombra. Agora, sentimos toda a liberdade para dizer o que pensamos e sentimos – e vamos dizê-lo”, promete Galamba.
A revolta segurista agudizou-se com o abaixo-assinado que mobilizou dois terços da bancada, exigindo um congresso extraordinário para resolver a disputa na liderança do PS. Os deputados Jorge Lacão e Odete João fizeram a conferência de imprensa para apresentar a iniciativa, quando no hemiciclo começara o debate com a ministra das Finanças sobre o Documento de Estratégia Orçamental (DEO). “O timing, mais do que a iniciativa, chocou-nos”, diz um apoiante de Seguro.
As hostes seguristas no Parlamento pensaram em organizar um jantar de desagravo ao líder, reunindo os 29 deputados que não subscreveram o abaixo-assinado. Mas a iniciativa acabou por não avançar.
Os costistas prometeram não elevar o tom das críticas. “Espero bem que não seja esse [tom mais agressivo] o registo da campanha. Não vamos entrar nisso, vamos discutir Portugal e os portugueses”, diz ao SOL Pedro Nuno Santos.
Mas António Costa, aos poucos, também vai subindo o tom. “Quem se conforma com uma vitória pequenina é porque já se conformou que não vai fazer a diferença e não vai fazer a mudança” – afirmou esta terça-feira, perante mil pessoas no Tivoli, num recado a Seguro.