António Costa vota contra proposta de Seguro

António Costa votou esta noite contra a proposta de António José Seguro de regulamento das primárias. “Votei contra mas vamos em frente, seguramente”, afirmou o candidato à liderança do PS, à saída da Comissão Política. Já Seguro insistiu em debater com Costa nas televisões: “Não sei do que é que ele tem medo”.

António Costa vota contra proposta de Seguro

Na Comissão Política, que teve momentos de tensão, António Costa, citado por fonte da sua candidatura, anunciou que “em nome da democracia, transparência e face à indisponibilidade do Secretário-Geral para alterar matérias fundamentais, votarei contra e não ficarei vinculado a este processo”. 

Seguro não acolheu praticamente nenhuma das principais exigências de Costa. Um dos pontos mais criticados pelos costistas era a data de encerramento dos cadernos eleitorais: Costa queria a 31 de Julho e Seguro propunha a 21 de Setembro, uma semana antes das primárias marcadas para dia 28. Acabou por ficar a 12 de Setembro com 57 votos a favor e 26 votos contra da Comissão Política. O deputado Duarte Cordeiro, apoiante de Costa, ainda propôs a data de 5 de Setembro mas foi rejeitada pela maioria.  

As regras de Seguro foram aprovadas, numa votação final global, por 48 votos a favor, 23 contra e uma abstenção. “Não concordo, mas a maioria forma-se e assumem as suas responsabilidades”, afirmou Costa já à saída, lamentando que não se tenha chegado a um consenso. 

Já Seguro sublinhou que “finalmente acabaram as discussões sobre normas e estatutos”. “É altura de deixar as normas de lado e concentrar no essencial”, afirmou o secretário-geral do PS à saída da reunião. 

Questionado sobre o facto de Costa ter votado contra a proposta de regulamento, Seguro foi peremptório: “Cada um assume as suas responsabilidades”. E voltou a insistir em debater com Costa nas televisões: “Não sei do que é que ele tem medo”. 

Seguro rejeitou que tenha havido um clima de tensão na Comissão Política: “O clima está excelente só não vêem o sol porque é noite”. 

Um dos poucos consensos foi o nome de Jorge Coelho para presidir à Comissão Eleitoral. Contudo, a proposta de Costa para separar a organização das eleições da fiscalização, tendo duas Comissões distintas, caiu por terra. Sem uma Comissão de Fiscalização independente, os costistas receiam que haja pouca transparência e credibilidade, algo que Seguro rejeita – “era só o que faltava que o PS tivesse problemas dessa natureza” -, remetendo a fiscalização para a Comissão Nacional de Jurisdição. 

Outra das sugestões de Costa que Seguro acolheu foi o facto de obrigar os simpatizantes a terem um documento de identificação. Na proposta de Seguro poderiam ser reconhecidos por terceiros.

A reunião começou já perto das 22h00 e, durante mais de cinco horas horas, foram vários os momentos de tensão vividos dentro da Comissão Política. António Costa criticou a direcção do partido e a presidente, Maria de Belém, e a proposta de regulamento de Seguro, principalmente quanto ao facto de as inscrições para simpatizantes encerrarem uma semana antes das primárias. 

Se o processo das primárias não for transparente, “o PS estará a dar um péssimo contributo para a História”, afirmou Costa, sublinhando que “o PS é um partido fundador da democracia, não é um partido qualquer”, segundo a mesma fonte.

sonia.cerdeira@sol.pt