A chuva de rockets lançados de Gaza – quase 500 desde segunda-feira – sobre Israel têm feito soar as sirenes de alarme um pouco por todo o país. Em Telavive, foram escutadas no início da semana pela primeira vez desde 2012. “É a vida normal sem ser normal. Fui despertada pelo barulho da sirene na manhã de terça-feira. Fui para o quarto de segurança, mas depois saí para trabalhar, sempre atenta às notícias”, relata ao SOL Mila Chaseliov, israelo-brasileira a residir em Telavive. “Tenho um colega do trabalho que mora em Ashkelon, mais para o Sul. Lá, sim, está bem mais tenso. Ele não dormiu, a toda a hora tinha que correr para o abrigo”.
A intensidade do bombardeamento do Hamas e o facto de os rockets estarem a chegar mais longe, conseguindo atingir grandes centros urbanos como Telavive ou cidades mais a norte, a cerca de 100 km da Faixa, preocupam os militares israelitas, que já tiveram luz verde para mobilizar 40 mil reservistas. O país está, no entanto, bem defendido: além do sistema antimíssil Cúpula de Ferro, que neutralizou rockets destinados a Telavive, Jerusalém e ao reactor nuclear de Dimona, as Forças de Defesa de Israel somam mísseis Delilah e Jericho II, helicópteros Apache e aviões de combate F-15.
A ofensiva contra Gaza tem sido realizado por meios aéreos e pela Marinha, mas não está descartada uma invasão terrestre. O Conselho de Segurança das Nações Unidas está reunido e o Egipto abriu a fronteira de Rafah para permitir a entrada de feridos palestinianos. Dos 80 mortos confirmados, 20 são crianças. De Jerusalém, o historiador Avraham Milgram relatou ao SOL o dia-a-dia: “Há muita tensão, sirenes de alerta em diversas partes do pais, os meios de comunicação (TV, imprensa, rádio e os meios electrónicos) ocupam-se o dia todo com o conflito e todos participam, directa ou indirectamente, com o que ocorre. Há regiões nas quais as crianças e os seus pais passam noites e horas a fio dentro de abrigos anti-aéreos, tensos e apreensivos”.
Em Gaza, como contou ao Guardian um condutor de ambulâncias palestiniano, falta gasolina e o medo impera: “Ontem à noite recebi (como a maior parte das pessoas em Gaza) uma mensagem de voz automática, no meu telemóvel, do exército israelita. Dizia ‘Daqui fala o Ministério da Defesa israelita. Você e a sua família correm grande risco, deve sair da sua casa imediatamente’. Mas não saí e não vou sair. Não tenho para onde ir com a minha família”, disse Adham Al-Ghazawi, que tem cinco filhos.