"Sou contra o encerramento dos tribunais. Não sou contra a necessidade de racionalizar os serviços públicos e poupar onde se deve poupar. Mas estamos a falar de pouquíssimo dinheiro (…) Com um governo do PS voltaremos a reabrir os tribunais porque é uma questão de justiça", disse António José Seguro, no final de um debate no parlamento promovido pela Associação Nacional dos Autarcas Socialistas.
Para António José Seguro, o Governo "está a dar um sinal errado" ao interior do país com o encerramento dos tribunais — "está-se a dizer às pessoas que o Estado está a desistir delas", frisou.
"Precisamos de coesão no nosso país porque há muitas desigualdades. Mas também precisamos de coesão territorial. E o que está a acontecer neste momento é que este governo está a esvaziar, é uma espécie de aspirador que está a aspirar zonas do interior do país, zonas mais despovoadas. E isso está a enviar uma mensagem a esses portugueses de que eles não contam, que ficam entregues à sua sorte. E isso não tem o mínimo sentido", sustentou.
Confrontado com declarações de António Costa — que hoje, numa sessão se apoio à sua candidatura nas eleições primárias socialistas, defendeu a importância de as promessas dos políticos se sustentarem não apenas em promessas, mas no que "fizeram no passado" — Seguro afirmou: "Aquilo que posso dizer é que tenho sido fiel a um princípio que estabeleci para a minha conduta política, o de só prometer o que posso cumprir".
"Isso significa que muitas vezes perco votos porque há muita gente que acha que a política é a arte de enganar, de dizer hoje uma coisa e amanhã outra completamente diferente. Eu não faço isso e os portugueses já se habituaram a fazer a separação entre o trigo e o joio, entre os políticos que prometem uma coisa e fazem outra", disse, sem nunca se referir ao seu adversário nas eleições primárias.
Questionado sobre a exequibilidade das promessas de reversão de medidas do actual Governo, Seguro voltou a salientar que tem prometido apenas o que tem a certeza de poder cumprir quando chegar ao governo.
"Nunca prometi devolver de um dia para o outro os cortes nos salários públicos (…) tenho um princípio muito simples: o de só prometer o que tenho a certeza de podermos cumprir quando formos Governo. O conjunto das propostas e das promessas que tenho feito aos portugueses não custam mais de meio ponto percentual do PIB. As contas estão feitas e explicamos para cada uma onde se encontra a respectiva compensação", disse.
E acrescentou: "No que diz respeito à contribuição de sustentabilidade, estamos a falar de 340 milhões de euros, 0,2 por cento do PIB. Ora, um crescimento da economia de um por cento, por exemplo, traz um benefício para as contas públicas de 0,4, o dobro do que precisamos. Já em relação aos funcionários públicos não posso prometer — nunca prometi — que devolveria no dia seguinte todos os rendimentos que eles perderam. Pelo contrário, indexo a recuperação desse rendimento ao desempenho da economia (…) mas também ao combate à fraude e evasão fiscal".
Lusa/SOL