"A crescente crise de refugiados na Síria ultrapassa hoje os três milhões de pessoas ", esclareceu a ONU. Este número é provavelmente maior: o ACNUR admite que centenas de milhares de pessoas terão fugido e não estão registadas como refugiadas, não recebendo assistência humanitária.
“Esta operação é a maior em 64 anos de história do ACNUR”, diz o comunicado, sublinhando que “os sírios são agora a maior população de refugiados aos cuidados da organização”, atrás apenas dos palestinianos, que somam seis milhões de refugiados, reflexo de um conflito com décadas.
Grande parte dos refugiados deslocaram-se para os países vizinhos. Cerca de 1,14 milhões procuraram refúgio no Líbano, 815 mil na Turquia e 608 mil na Jordânia. O reino jordano, a sul da Síria, é o destino que está a registar agora maior afluência porque o EI já controla as províncias do Norte e Nordeste sírio, que fazem fronteira com a Turquia e o Iraque.
Além dos refugiados, a violência provocou o deslocamento de 6,5 milhões de pessoas dentro do próprio país, o que significa que quase 50% dos sírios foram obrigados a fugir das suas casas, segundo o ACNUR. “Metade dos afectados são crianças”, lamenta a agência.
António Guterres, Alto-comissário da ONU para os Refugiados, afirma que a situação vivida na Síria por causa da guerra civil e das investidas do Estado Islâmico “é a maior emergência humanitária na nossa era”. Guterres diz ainda que apesar da resposta que o mundo deu a esta crise ter sido “generosa, a verdade é que ainda está muito aquém do que é necessário”.
Segundo a ONU, os doadores já contribuíram com mais de 3,2 mil milhões de euros desde 2012, o que permitiu levar ajuda alimentar a mais de 1,7 milhões de refugiados. Apesar disso, a ONU necessita de mais 1,5 mil milhões de euros este ano, já que é expectável que mais de 2,4 milhões de pessoas precisem de ajuda com a chegada do Inverno.
Mais de 191 mil pessoas morreram na Síria desde o início do conflito, em Março de 2011.