Temas como a Europa e o tratado orçamental, o crescimento económico e o desemprego, o Estado Social e as coligações de governo não vão passar em claro. O resultado das eleições para as federações, marcadas por casos como o do pagamento massivo de quotas em Braga, também deverá merecer destaque.
No início da semana passada, cada um dos candidatos às primárias do PS escolheu um tema forte dos programas: Seguro insistiu na alteração do sistema eleitoral e colocou a tónica na proposta que permitirá aos portugueses escolher os candidatos a deputados. Já Costa voltou a falar do salário mínimo que, defende, deve passar para os 522 euros em 2015.
Ambos aproveitaram a reforma do mapa judiciário para criticar o Governo. Seguro pediu que “nada fique por esclarecer” no caso BES, enquanto Costa criticou a escolha do “mais ortodoxo dos ortodoxos” para comissário europeu, Carlos Moedas.
Farpas a Seguro
A lógica das primárias obriga os candidatos a captar votos além dos tradicionais militantes, mas têm sido as questões internas a fazer subir o tom na troca de acusações. “Não toleramos nem podemos admitir este tipo de golpadas anti-democráticas”, disse Costa, criticando a falta de “transparência” da direcção do partido. E deixou mais farpas a Seguro: “Não podemos continuar a permitir que dentro da nossa própria casa pessoas já falecidas tenham as quotas pagas, como se nas eleições internas do PS não votassem só os vivos. Como governamos o partido é a forma como queremos governar o país”.
Foi Costa quem esteve mais ao ataque na semana passada. Num jantar de apoiantes, na quarta-feira, o autarca considerou que a “fraqueza” do PS começou com a “abstenção violenta” na votação do Orçamento do Estado de 2012, que deveria ter votado contra.
Também é Costa quem tem somado apoios mais notórios nos últimos dias. Além dos quatro históricos – Almeida Santos, Jorge Sampaio, Vera Jardim e Manuel Alegre -, o presidente da Câmara de Lisboa conseguiu reunir o apoio de 81 dos 150 autarcas socialistas eleitos e de 189 dos 300 presidentes de concelhias do partido.
Na quinta-feira, Costa esteve no Chiado rodeado de personalidades do cinema, moda e música que se inscreveram como simpatizantes, em três bancas montadas para o efeito. O maestro Vitorino d'Almeida, os realizadores Ruben Alves e António Pedro Vasconcelos, os estilistas Nuno Gama, Eduarda Abbondanza e Alexandra Moura, o cantor Camané e a empresária Catarina Portas, irmã de Paulo Portas, foram alguns dos que estiveram presentes a apoiar António Costa.
Primeiro debate moderado por Judite de Sousa
O primeiro debate realiza-se esta terça-feira, na TVI, e será moderado por Judite de Sousa. O segundo passará na SIC, amanhã, com a moderação de Clara de Sousa – a dois dias do fim do prazo para a inscrição dos simpatizantes que querem votar nas primárias. O último confronto será na RTP, no dia 23, na mesma semana em que decorrerá o acto eleitoral (dia 28). A moderar a conversa estará José Adelino Faria. Os debates irão durar 35 minutos e serão transmitidos após o jornal da noite de cada canal de televisão.