2. Dito isto, há que ter bem presente que sobre nós recai o dever histórico de ensinar as nossas crianças – os cidadãos activos de amanhã – a se situarem no novo quadro “geopolítico-social” em que vivem (e viverão). O reconhecimento do cosmopolitismo, do contacto permanente com outros povos, com outras Nações, baseado no respeito mútuo e tolerância, da ideia de que as fronteiras são apenas áreas de passagem ou de transição entre territórios físicos – não poderá subalternizar o imperativo de consciencialização pelos alunos da sua ligação a Portugal, aqui crescendo e criando os seus afectos, as suas tradições, o seu quadro mental de convicções e a sua pauta de valores. Ninguém poderá ser um cidadão do mundo exemplar – se, antes, não for um cidadão consciente, activo e honrado da sua Pátria-Mãe. Para que os nossos cidadãos estejam aptos a retirar o máximo benefício do mundo globalizado – que é uma realidade histórica que não voltará a ceder, mesmo perante contingências históricas difíceis -, não se poderão sentir desamparados: sem raízes, nem “lugar de recuo”. Por outro lado, para que as nossas crianças que agora iniciam os seus estudos ou que se encontram nos ciclos escolares iniciais, e os nossos jovens, sejam exigentes consigo próprios, têm de aprender a ser exigentes com aquilo que a comunidade lhes proporciona. Para que um dia possam construir um Mundo melhor – têm que ter noção da função insubstituível de cada um na edificação de um Portugal – sua Pátria – melhor. Ao se sentirem integrados no projecto político colectivo desde cedo, as crianças e os jovens de hoje, que em nós confiam para salvaguardar pelo seu interesse superior, serão mais exigentes com os líderes políticos e, porventura, mais responsáveis na definição do seu voto – evitando, desta forma, os erros que vamos cometendo, confiando em políticos que não nos governam, preferindo “governar” os seus interesses pessoais. Seremos, pois, nós, a confiar nas novas e novíssimas gerações para salvaguardar a nossa Pátria, a cultura portuguesa e a defesa da Lusofonia, amanhã.
3. Por tudo o que dissemos, defendemos que a Escola deve inculcar os valores patriotas aos nossos alunos – cidadãos activos e decisores políticos do futuro. Ao contrário de outros valores, o Patriotismo não é uma utopia: é uma realidade insofismável, integrante da nossa circunstância pessoal e da “natureza das coisas”, que nos liga a uma comunidade historicamente situada, geograficamente delimitada, embora em crescente e permanente interacção com outras Nações. É inconcebível que a grande maioria dos estabelecimentos de ensino em Portugal não ostente a Bandeira Nacional da República Portuguesa, nem hasteada no exterior, nem exposta no seu interior. Esta ausência – que só revela falta de respeito pelo nosso país e pelos cidadãos, pretéritos e presentes – é incompreensível nas escolas do 3.º ciclo e do Secundário e absolutamente inconcebível nas escolas do 1.º Ciclo (primárias).
4. Além disso, advogamos desde há muito – desde a nossa frequência do ensino básico, com 12 ou 13 anos – que a aula deve começar (pelo menos, uma aula por semana) com o Hino Nacional – e um compromisso de fidelidade à República e aos seus símbolos. Ou seja, somos favoráveis à introdução em Portugal do “pledge of allegiance”, obrigatório nos Estados Unidos da América, ensinado, desde cedo, aos cidadãos portugueses. Porquê? Primeiro, reforça o sentimento de integração na comunidade; segundo, é um factor de defesa da identidade nacional; 3.º acentua a responsabilidade e responsabilização da nossa actuação na esfera pública. Ao mesmo tempo que promove a defesa da tolerância e do respeito, por evidenciar a “alteridade”, a existência do “outro” para além do “eu”.
5. Quanto à questão mais política do início do ano lectivo falarei em próximo artigo. A educação precisa de uma “Revolução” – mas Nuno Crato (está provado) revelou-se muito incapaz.