"Não tenho dúvidas nenhumas de que esta proposta é o epitáfio desta liderança" do partido, de António José Seguro, e "foi o gesto de desespero de se procurar agarrar a uma boia populista", criticou António Costa.
Mas, continuou, "este gesto, que não era necessário, que envergonha o PS, terá a resposta devida não no dia 30", mas sim "no dia 28", data das primárias socialistas.
"A resposta a esta proposta vai ser dada pelos militantes e simpatizantes do PS no dia 28, quando, com toda a clareza, vão dizer que não se revêem e não aceitam este tipo de liderança política", a qual não está "à altura dos novos valores" do partido, sublinhou.
António Costa falava aos jornalistas em Évora, depois de visitar as fábricas locais da construtora aeronáutica brasileira Embraer.
O candidato à liderança socialista foi questionado pelos jornalistas sobre a reunião da Comissão Política do partido, convocada pelo secretário-geral, para discutir a reforma do sistema político, que está agendada para dia 30.
A realização de uma Comissão Política Nacional do PS foi proposta pelo presidente do Grupo Parlamentar, Alberto Martins, após mais de uma dezena de deputados socialistas terem, esta manhã, contestado a proposta de Seguro para a reforma do sistema político, designadamente a redução do número de deputados dos actuais 230 para 181.
António Costa voltou a acusar Seguro de, ao defender a redução do número de deputados, ter protagonizado "uma operação à 25.ª hora", assente numa "proposta populista".
"Quem faz isto desqualifica-se como líder político porque um líder político afirma-se pela firmeza dos valores que defende e não pela facilidade com que troca os valores pelos favores eleitorais", acusou.
Com 181 deputados, "o conjunto dos distritos do interior e do Alentejo perderiam 25% da sua representação" parlamentar, enquanto, ao nível dos partidos, "o PCP perderia quase um terço da sua representação" e "o Bloco de Esquerda perderia metade", frisou.
"Um democrata trava os combates eleitorais com clareza, com transparência, não procurado resolvê-los na 'secretaria'. Isso são maus hábitos dentro dos partidos, mas são hábitos intoleráveis quando levados para o Estado", argumentou António Costa, afirmando-se "muito satisfeito" por ter "verificado que a maioria dos deputados" do PS "honra aquilo que são os compromissos programáticos" do partido e "se opõe a este projecto".
A propósito da Embraer, o candidato socialista considerou que a instalação da empresa em Évora, ainda no tempo do Governo Sócrates (PS), é "um bom exemplo de como o empenho político é fundamental para dar força à economia".
As eleições primárias no PS — que visam escolher o candidato do partido a primeiro-ministro – realizam-se no dia 28 de Setembro e serão disputadas entre António José Seguro, actual secretário-geral do PS, e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa.
Lusa/SOL