O debate começou morno e com total identidade propostas entre os dois contendores, no que respeita à reposição dos cortes de salários e pensões ou à recusa de despedimentos no funcionalismo público (sem que, mais uma vez, se percebesse com que milagre pensam os socialistas reduzir ou pelo menos conter a despesa excessiva do Estado).
Mas Seguro impôs rapidamente uma viragem no tom da troca de opiniões, voltando a acusar Costa de falta de solidariedade e oportunismo no momento de se lançar na corrida a líder do PS. Se o ainda secretário-geral começava aqui a perder pontos pelo exagero de vitimização (que acaba por fragilizar a força e a autoridade da sua liderança), Costa ganhava clara vantagem ao apresentar o trunfo das sondagens – que o colocam a ele como vencedor num confronto eleitoral com Passos Coelho e Seguro como perdedor.
Os esclarecimentos que Seguro acrescentou à sua proposta de redução de deputados para 181, demonstrando que é possível, através da criação de um círculo de compensação nacional, manter a proporcionalidade e não prejudicar a representação dos pequenos partidos (PCP, CDS e BE), permitiram-lhe recuperar o fôlego no debate e encostar momentaneamente Costa ao grupo dos defensores dos interesses instalados.
Momentos antes do início do debate Miguel A. Lopes/Lusa
Mas, logo a seguir, sentido que o tempo se escoava e que Costa estava em vantagem, Seguro lançou-se num descabelado ataque de agressividade, disparando acusações a eito e permitindo que Costa se colocasse no plano mais elevado da responsabilidade e maturidade partidária, em contraposição contra os seus arrebatamentos políticos afogueados e juvenis. Há excessos que são fatais.