Uma nova esperança

A vitória arrasadora de António Costa no PS explicar-se-á como?

Pela campanha?

Julgo que não.

Julgo até que, na campanha, Costa terá desiludido os seus apoiantes.

Nos debates que Costa ganhou, foi mais António José Seguro a derrotar-se a si próprio do que Costa a vencê-lo.

Seguro aparecia como um coitadinho, como um marido traído por um amigo — e isso pode gerar solidariedade ou compaixão mas não dá votos.

Ninguém vota nos coitadinhos.

Mas a razão principal da sua derrota não foi esta.

O que matou Seguro foi o resultado das europeias.

Ao somar pouco mais de 30% nas eleições europeias de Maio, António José Seguro ficou K.O.

As pessoas pensaram: "Se este tipo só tem 30% após três anos de austeridade, nunca irá lá das pernas".

E aí, quem se chegasse à frente teria a sua oportunidade: porque significaria uma esperança, a esperança que Seguro deixara de ser.

Estas eleições não foram ganhas por António Costa.

Foram ganhas pelo eleitorado que só deu 30% a Seguro, abrindo de par em par as portas ao aparecimento de um sucessor.

A alguém que pudesse dar ao PS uma nova esperança de vencer a direita no ano que vem.

jas@sol.pt