Milhares de mulheres e crianças iraquianas sequestradas, diz a ONU

Foram sequestrados pelo menos 2.500 civis iraquianos, na sua maioria mulheres e crianças, revela o relatório sobre a protecção de civis nos conflitos armados no Iraque, divulgado nesta quinta-feira. Produzido em conjunto pela Missão das Nações Unidas de Assistência para o Iraque e o Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, o documento alerta…

Milhares de mulheres e crianças iraquianas sequestradas, diz a ONU

Estes abusos incluem “ataques direccionados a civis e a infra-estruturas civis, execuções de civis” mas também “sequestros e diversas formas de violência sexual e física contra mulheres e crianças”, diz o relatório sustentado em mais de 450 testemunhos.

“Têm três escolhas: convertem-se ao islão, pagam uma taxa, ou então a morte pela espada”, ameaçaram os extremistas, em comunicado, em meados de Julho. Mas para muitas mulheres e crianças a recusa em converterem-se pode significar um outro destino, não menos terrível. Muitas são oferecidas aos combatentes jihadistas. Há também mulheres e crianças a serem vendidas como escravas, nos mercados em Mossul (segunda maior cidade do Iraque e controlada pelo EI) e em Raqqa (cidade síria ‘capital’ do EI).

Uma jovem yazidi contou à ONU que foi presa depois de a sua aldeia ter sido invadida. Depois disso, foi várias vezes violada antes de ser posta à venda num mercado.

O relatório dá conta ainda da “destruição e profanação de locais religiosos ou culturalmente significantes”.

“Este relatório é aterrador”, afirmou o porta-voz do secretário-geral da ONU para o Iraque, Nickolay Mladenov, observando ainda que centenas de outras alegações sobre a morte de civis não foram incluídas no relatório porque ainda não foram suficientemente verificadas.”Os líderes iraquianos devem agir em conjunto para restaurar o controlo das áreas dominadas pelo EI e instaurar reformas sociais, políticas e económicas”, acrescentou.

O relatório descreve também as violações do direito internacional e dos direitos humanos supostamente cometidas por forças de segurança iraquianas e por outros grupos armados que combatem ao seu lado. “Existem ataques aéreos e bombardeamentos, assim como outras operações militares, que podem ter violado o princípio da proporcionalidade do direito internacional”, lê-se no relatório.

Esta quarta-feira, a ONU anunciou que pelo menos 9.347 civis foram mortos, até agora, e 17.386 foram feridos, em 2014. O conflito provocou ainda mais de 1,8 milhões de iraquianos deslocados internamente.

miguel.mancio@sol.pt