Marinho Pinto e redes sociais são sinais de alerta para a política

“Ainda não perceberam que passámos do tempo das instituições para o tempo das pessoas”, avisa Nuno Morais Sarmento que vê no afastamento da política “um toque de finados para o regime” e que diz que “as redes sociais e os Marinhos Pintos ou outros que apareçam são novas formas de participação dos cidadãos” às quais…

Marinho Pinto e redes sociais são sinais de alerta para a política

“A participação não se faz nas primárias”, avisa o social-democrata que gostaria de ver os cidadãos serem chamados a decidir as políticas concretas e não os nomes. “Todas as críticas que se fazem não se resolvem podendo escolher como chefe do partido o António ou o Manuel”, ataca, considerando que esse é o lado “mais histriónico” da abertura dos partidos aos cidadãos.

“O que gostava de ver era algo mais parecido com o que se faz em Inglaterra, onde os eleitores são chamados a pronunciar-se sobre a definição dos programas dos partidos, as respostas às políticas do governo e as soluções legislativas concretas”, aponta ao SOL Morais Sarmento, lembrando que o Reino o Unido já leva dez anos de avanço nesta aproximação entre eleitos e eleitores.

De resto, Nuno Morais Sarmento acha que pecam por tardios os avisos feitos neste 5 de Outubro pelo Presidente da República. “Já tinha alertado para isso antes da eleição do primeiro mandato do Presidente”, recorda o comentador da RTP, concluindo que de então para cá o assunto nunca foi verdadeiramente uma prioridade para Cavaco. 

“Basta procurar que não se encontra uma única intervenção sobre o assunto no primeiro mandato”, afirma Morais Sarmento, que defende que o Presidente deveria ter iniciado o seu mandato em Belém “elencando os problemas e dizendo ‘isto é o meu mandato’”.

“Mesmo sem resolver o problema, o tema devia ter sido trazido à discussão”, argumenta, acrescentando que este “é um problema de regime” e não deste ou daquele governo ou partido.

Morais Sarmento prevê que as soluções comecem a chegar apenas depois das eleições legislativas e como reacção a um problema que já estará criado. “Quando virem que 30 ou 40% dos portugueses estão entre votos brancos e nulos e em partidos fora do arco parlamentar, vão correr atrás do prejuízo”, antevê, defendendo que as mudanças “têm de começar a acontecer”.

margarida.davim@sol.pt