2. Mais: até Janeiro, o acordo de coligação entre PSD e CDS tem de estar concluído – e devidamente apresentado aos portugueses. A ideia, defendida, entre outros, por Matos Correia aqui no SOL, de que os dois partidos irão analisar as circusntâncias políticas na próxima Primavera e só aí decidirão o futuro do seu casamento, é absolutamente irresponsável. Uma ideia que só pode terminar com um resultado: a vitória de António Costa, a roçar a maioria absoluta (senão mesmo a atingir a amioria absoluta). Passos Coelho e Paulo Portas têm dado um triste espectáculo de boas-vindas a António Costa: parece que estão desejosos de oferecer a vitória ao PS numa bandeja dourada. A coligação tem de começar a ser discutida já – e alcançar-se um acordo entre os dois partidos até ao final do ano. Com um projecto político comum e com o compromisso de solidariedade mútua e iniciativas políticas conjuntas, a suma só vez, planeadas até Outubro do próximo ano. Paulo Portas precisa da imagem de serenidade, teimosia e resiliência de Passos Coelho – e Passos Coelho precisa do génio político, do lado maquiavélico e da eficácia política de Paulo Portas. Passos e Portas são complementares: já que estão condenados a estar juntos, que aproveitem essa fatalidade histórica! Caso contrário, a única coisa que fazem é, parafraseando Passos Coelho, um verdadeiro “striptease” do interior da coligação em honra e louvor a António Costa Sócrates!
3. Posto isto, o primeiro passo para o Governo mostrar dinâmica política e desassombro face à onda que estão a criar de vitória de Costinha é apresentar uma remodelação do elenco governamental em Dezembro. Dezembro para deixar que Costa seja formalmente designado líder do PS. E atenção: deve ser uma remodelação cirúrgica, rápida e eficaz. Sem recados prévios na comunicação social, nem fugas de informação ou dar azo a rumores.
4. E nomes? Quem deve entrar no Governo? Há um nome fortíssimo e ideal: Paulo Rangel. Rangel corporiza o melhor de três mundos: mantém boas relações com o CDS/PP e com Paulo Portas, em particular; é próximo de Rui Rio, o que dava a ideia de aproximação entre Passos e Rui Rio; e é muito acarinhado pela comunicação social. Em suma, um peso-pesado para fazer frente a António Costa. Paulo Rangel apresenta ainda a vantagem adicional de, ao assumir a luta directa com António Costa, resguardar politicamente Passos Coelho. Eis, pois, o plano de resposta que julgamos mais forte para derrotar António Costa. Que Passos Coelho tenha a humildade de reconhecer que a hora da Política chegou. Não pode mais adiá-la.
De segunda a sexta-feira, João Lemos Esteves assina uma coluna de opinião no SOL