O discurso destina-se a reagir aos resultados das eleições directas para secretário-geral, que decorrem desde ontem, envolvendo os militantes do PS. Mas, a expectativa é a de que de sirva também a Costa para falar pela primeira vez sobre a detenção do ex-líder socialista.
Para já, com a nota aos militantes, o quase eleito novo líder (é o único candidato nestas directas) demarca-se de um discurso vitimizador. Apesar de se declarar chocado e de considerar naturais "os sentimentos de solidariedade e amizade pessoais" afirma que é "essencial preservar" a acção política do PS. Pelo que o partido não deve envolver-se "na apreciação de um processo" que "só à justiça cabe conduzir".
"Caras e caros camaradas, estamos todos por certo chocados com a notícia da detenção de José Sócrates. Os sentimentos de solidariedade e amizade pessoais não devem confundir a ação política do PS, que é essencial preservar, envolvendo o partido na apreciação de um processo que, como é próprio de um Estado de Direito, só à justiça cabe conduzir com plena independência, que respeitamos", diz a sua mensagem aos militantes socialistas, que foi divulgada na Lusa.
O discurso de Costa vem travar as primeiras reacções emocionais de socialistas. Esta madrugada, João Soares, no Facebook, qualificava a detenção de Costa de "tentativa de humilhação do ex-primeiro-ministro", sobre o qual nunca deveria recair a suspeita de perigo de fuga, defendeu o histórico socialista.
Apesar do silêncio geral no PS, para o exterior, as conversas entre socialistas alimentam uma tese da cabala e teorias da conspiração. Com esta nota aos militantes, Costa vem pedir prudência.
José Sócrates foi ontem detido no aeroporto, no âmbito de suspeitas de crimes de corrupção, fraude fiscal agravada e branqueamento de capitais.
O ex-primeiro-ministro passou a noite na prisão e deverá ser hoje à tarde ouvido pelo juiz de instrução criminal Carlos Alexandre, no campus da Justiça de Lisboa.