Durante todo o dia foi quase impossível circular pelos corredores da FIL sem ouvir conversas sobre o processo judicial que levou à prisão preventiva de José Sócrates.
Entre os militantes de base, a discussão andava à volta das razões para a detenção, da actuação do juiz de instrução e de como tinham já no passado acabado outros processos semelhantes.
Mesmo que não se queira falar sobre o caso Sócrates nos discursos oficiais, a verdade é que o tema não sai da cabeça dos socialistas.
Poucos são, contudo, os que o assumem oficialmente. E até agora o ex-primeiro-ministro parece ser para o PS aquele cujo nome não pode ser pronunciado.
António Costa foi um dos que falaram de Sócrates sem enunciar o seu nome. Assumiu que a detenção do ex-primeiro-ministro foi "um choque brutal", mas voltou a sublinhar a importância de "separar sentimentos e política ".
Manuel Alegre usou da mesma táctica quando subiu ao palco. Falou de Sócrates sem o nomear. E deixou a mensagem de que o PS não está "ensombrado" nem tem "medo de fantasmas". Antes, à entrada da FIL, tinha desvalorizado o impacto do caso, lembrando que os socialistas já enfrentaram "outras tempestades".
O independente Reis Novais acabou por pegar também no tema, mas para atacar Passos Coelho.
O constitucionalista veio falar aos congressistas da importância da Constituição para a democracia e dos ataques que considera terem sido feitos ao texto fundamental por este Governo. Mas as palavras mais duras foram para ironizar sobre a forma como Passos defendeu em entrevista a importância da separação de poderes depois de ter passado "três anos a insultar " os juízes do Tribunal Constitucional.