PS dá a volta à fiscalidade verde

O PS vai propor na segunda-feira um conjunto de propostas de alteração à fiscalidade verde que mudam a lógica introduzida pelo Governo de neutralidade fiscal na reforma do IRS. “Tem de haver uma legitimidade interna na fiscalidade verde, ela tem de se justificar por si, não pode servir para compensar as reduções no IRS”, diz…

PS dá a volta à fiscalidade verde

Os socialistas também estão a trabalhar em medidas alternativas no IRS . E aqui verifica-se um choque com o Executivo. “O Governo acaba por beneficiar quem tem rendimentos mais altos. Esta lógica regressiva não faz sentido”, explica o vice-presidente da bancada do PS e responsável pela área económica. O coeficiente familiar, que introduz variações no imposto a pagar em função do número de filhos, e as deduções nas despesas de educação e saúde “privilegiam os que mais ganham”, o que é “inadmissível”, acrescenta Vieira da Silva.

Os socialistas foram convidados pelo Governo a fazer alterações às medidas que o Parlamento aprovou esta quarta-feira na generalidade, com a abstenção do PS e o voto contra da restante oposição. No início da discussão em plenário, o CDS assinalou o “dia histórico”, o do início do desagravamento fiscal das famílias portuguesas. Os socialistas e a restante oposição contrariaram a euforia do Governo. “Só alguns terão vantagens no IRS”, sintetiza Vieira da Silva.

A fasquia da neutralidade fiscal

As propostas da oposição podem ser aceites pelo Governo apenas se forem fiscalmente neutras no seu conjunto. Os socialistas, ao não quererem sobrecarregar a fiscalidade verde, poderão ter de aumentar a carga nos rendimentos mais altos no IRS.

Para o PS, esta é também a oportunidade de tentar apagar a má imagem deixada a semana passada no dossiê das subvenções dos políticos. “A ideia de que PS e PSD só se entendem ‘sobre isto’ é muito má”, diz um socialista ao SOL.

Este fim-de-semana, aguarda-se que António Costa apresente no congresso do PS um conjunto de novas propostas políticas, incluindo na área fiscal. Mas “não há ligação directa com estas propostas”, diz Vieira da Silva. A reforma do IRS e a fiscalidade verde são votadas em comissão na próxima quarta-feira, dois dias depois do limite para apresentação de propostas alternativas. Um prazo que a oposição considera demasiado curto.

manuel.a.magalhaes@sol.pt