Para Relvas, é preciso que "tão cedo quanto possível" o PSD se concentre na coligação.
Isto, porque "hoje o PS ganharia as eleições" e é preciso saber usar os nove meses que faltam para inverter as sondagens.
"Não podemos permitir que se enquiste a ideia de que o PS vai ganhar", avisou, explicando que o caminho passa por trabalhar em conjunto com Portas.
"Por isso, é tempo de arregaçar as mangas e definir com o nosso parceiro de coligação o tempo e o modo da proposta que iremos submeter aos portugueses", afirmou Relvas, que gostaria que o acordo não deixasse de fora uma questão tão importante como a de definir o candidato presidencial do centro-direita.
Apesar do mal-estar gerado por posições do CDS em matérias como os impostos ou os feriados, Miguel Relvas acredita o que une os dois partidos é mais forte do que o que os separa.
Relvas acha mesmo que os casos entre os dois partidos são "lateralidades e entropias que dão títulos mediáticos e alimentam folhas de jornais, mas não acrescentam nada de essencial à vida dos cidadãos".
A intervenção de Miguel Relvas – que à saída recusou falar com os jornalistas – foi lida como uma forma de o ex-ministro marcar uma posição e recordar que, embora tenha mantido um low profile desde que saiu do Governo, não tenciona largar a política ou perder a oportunidade de influenciar o partido.
Coligação não é dada como certa
O discurso de Relvas não foi, porém, bem recebido por todos os militantes presentes no Conselho Nacional.
O tema da coligação está longe de ser pacifico no PSD, como o próprio vice-presidente do partido, Marco António Costa, admitiu aos jornalistas.
"Não houve consenso relativamente à matéria da coligação", reconheceu.
Entre os militantes presentes, era, aliás, notório que, apesar de ser dada como muito provável, a coligação deixou de ser tida por certa.
As palavras de Passos foram, de resto, lidas nesse sentido. O partido deve concentrar-se no projecto e só depois negociar um acordo com o CDS.
"É preciso não esquecer quem é o partido dominante e determinante para o país e para ganhar eleições", comentou ao SOL um vice-presidente social-democrata, explicando que no discurso feito à porta fechada, Passos Coelho voltou a adiar para "momento oportuno" a renovação do acordo de coligação.
Quando será esse momento é que ninguém sabe. Apesar da insistência dos jornalistas, Marco António Costa – que fez um briefing aos jornalistas a meio da reunião – escusou-se a dar uma data limite para o arranque das negociações.
Certo é que Passos voltou a avisar os sociais-democratas de que não pretende ceder um milímetro ao eleitoralismo.
"O presidente do partido veio dizer que há um rumo que temos seguido, está a dar resultados e é para manter", conta um deputado, que está convencido de que é assim que Passos vai mostrar que "não é igual aos outros" que fazem tudo para ganhar eleições.