“A forma como encarou sempre a concertação social e as intervenções públicas equilibradas” são motivos suficientes para que Proença seja “um nome forte com muitas condições” para vir a obter o apoio do PSD.
O sinal mais claro desta aproximação foi a presença do ex-dirigente sindical nas Jornadas Parlamentares do PSD, esta terça-feira. Proença foi ao Porto fazer um discurso com algumas críticas, lembrando que “o défice e a dívida são um constrangimento, não são objectivos centrais”. Mas esteve longe de ser acutilante e chegou a admitir que está “resolvido o problema das finanças públicas”.
No PSD rejeita-se, porém, uma ligação directa entre a presença de João Proença nas Jornadas e um apoio para o CES, lembrando-se que não há ainda uma decisão final do partido sobre um nome para suceder a Silva Peneda.
O tempo começa, no entanto, a ser escasso para a escolha de um decisor. Um dia antes de Proença ir falar às Jornadas do PSD, foi publicada em Diário da República a renúncia de Silva Peneda. O agora ex-presidente do CES recusa pronunciar-se sobre possíveis sucessores, mas reforça a urgência de encontrar uma solução. “Avisei em Dezembro os líderes dos vários grupos parlamentares de que ia sair”, recorda ao SOL, com um desabafo e um alerta: “Cinco meses é tempo mais do que suficiente. A partir de 1 de Maio estou em Bruxelas”.
Certo é que Proença voltou, em declarações aos jornalistas no final das Jornadas Parlamentares, a admitir a sua disponibilidade para ocupar o cargo, desmentindo, contudo, ter procurado activamente o apoio social-democrata. “Nem eu pedi nem falei com o PSD sobre essa matéria”, disse, recordando que “o presidente do CES é eleito na Assembleia da República por maioria de dois terços”.
Ainda à espera de Costa
O nome de Proença, um histórico do PS, é tudo menos consensual para a actual direcção do partido. Membro do Secretariado de António José Seguro e seu director de campanha nas directas que conduziram António Costa à liderança, Proença tem profundas resistências junto das alas costista e socrática. Pelo contrário, é apoiado pela minoria que apoiou Seguro.
Durante a campanha interna, o ex-secretário-geral da UGT foi dos mais aguerridos defensores de Seguro, acusando Costa de abrir uma disputa sem sentido para a liderança, motivado por ambição pessoal. As posições ficaram então extremadas.
Agora, o receio de quem apoia Proença no PS é o de que a eleição do novo presidente da CES seja empurrada para depois das eleições legislativas. Aí, Costa, como provável primeiro-ministro, teria toda a margem para impor um apoiante seu. Ferro Rodrigues e Vieira da Silva são duas figuras da área social e laboral que aparecem como possíveis candidatos, neste cenário. Se Proença não se impuser antes.