Passos soube da resolução do BES a 1 de Agosto e garante que o Governo não teve interferência

O primeiro-ministro já enviou as suas respostas por escrito à Comissão parlamentar de inquérito ao caso BES e nelas Passos Coelho confirma que Ricardo Salgado lhe pediu ajuda para salvar empresas do Grupo Espírito Santo (GES). Mas garante que o Governo não teve interferência na resolução do BES.

Passos confirma que manteve duas reuniões com o ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES) no período de agravamento das dificuldades do banco, no primeiro semestre do ano passado. E adianta que os temas tratados nos dois encontros foram distintos.

Nas suas respostas, Passos Coelho adianta que nunca teve qualquer intervenção directa no caso e que o processo do BES foi tema que nunca discutiu com os membros da troika. "O Governo não teve qualquer interferência na decisão de resolução do BES, porque essa decisão compete ao Banco de Portugal nos termos da lei”, pode ler-se nas respostas.

A primeira reunião ocorreu a 7 de Abril de 2014 e na segunda, que se realizou a 14 de Maio, Salgado terá pedido directamente ajuda ao primeiro-ministro para salvar o banco. Mas Passos Coelho garantiu que o apoio do Estado nestas condições “não teria viabilidade”, alertando para o “elevado risco de disseminar pelo sistema financeiro”.

No primeiro encontro Ricardo Salgado “transmitiu a sua apreensão pela forma como o BdP (Banco de Portugal) vinha exercendo as suas funções de supervisão no que respeitava ao BES e à sua equipa de gestão”. Nas respostas às perguntas da comissão parlamentar de inquérito aos actos de gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES), Passos Coelho adianta que o então presidente do banco lhe mostrou uma carta dirigida ao governador Carlos Costa onde estavam condensadas “as suas observações críticas”.

Mas o primeiro-ministro assegura que as opiniões de salgado “não conduziram a qualquer diligência” junto do Banco de Portugal.

Já no segundo encontro, em que pediu ajuda ao Executivo, Ricardo Salgado surgiu acompanhado de José Manuel Espírito Santo e de José Honório, com o objectivo de “sensibilizar e procurar o apoio do Governo para um plano de financiamento” para responder ao desequilíbrio económico e financeiro da área não financeira do grupo.

Recorde-se que, o BES acabou dividido em ‘banco bom’, que viria a dar origem ao Novo Banco, e ao ‘banco mau’, que ficou com os activos considerados  ‘tóxicos’ da instituição que foi liderada, durante anos, por Ricardo Salgado.

sofia.rainho@sol.pt