Oficialmente, o jantar que está a ser preparado pela minoria segurista servirá para ouvir Álvaro Beleza e Eurico Brilhante Dias falar de «democracia de proximidade». Mas as centenas de socialistas que são esperados, em Matosinhos, no final de Março (provavelmente a 27) vão ao encontro preocupados com o seu futuro no partido e com as condições do PS vencer as eleições. As mais recentes sondagens aumentam os receios de um mau resultado.
Na bancada socialista há quem se queixe de um «ambiente sectário», que afasta quase um terço de deputados das principais iniciativas partidárias. E que prenuncia dificuldades na hora de escolher os seguristas que ficam em lugares elegíveis.
A própria marcação do jantar em Matosinhos não foi pacífica. O receio de estar a promover «uma reunião da minoria, que pudesse ser vista como um ataque à liderança de António Costa» levou a concelhia a colocar objecções. A intervenção do líder local terá arrumado a questão.
O grupo de seguristas quer evitar polémicas sobre os objectivos do encontro. «Houve uns camaradas de Matosinhos que me convidaram a falar de democracia de proximidade e eu vou», diz Álvaro Beleza. Questionado se este é um encontro nacional da minoria interna, Beleza responde que não. «Já houve um encontro do género em Évora», justifica.
Para lá destes encontros, o grupo de seguristas reúne-se regularmente num restaurante em Lisboa, no primeiro andar do Mercado da Ribeira («é o novo sótão do PS», diz um participante). Esta semana, o debate quinzenal em que Passos Coelho foi confrontado com o caso das dívidas à Segurança Social, foi um dos temas. O balanço terá sido tudo menos positivo. O estilo «pouco agressivo» e «rígido» do líder parlamentar, Ferro Rodrigues mereceu também reparos.
Sobre as dúvidas que alimentam a escolha dos próximos deputados do PS, dois factos preocupam a minoria. Por um lado, a alteração das regras de eleição nas distritais deixou de permitir, através de directas, «desbloquear uma maioria hostil». Ou seja, os seguristas ficam impedidos de reagir a listas que os excluam. Por outro lado, as recentes polémicas que levaram apoiantes do ex-secretário-geral a bater com a porta, no Norte, alimentam as suspeitas de «uma limpeza de balneário». Os seguristas prometem estar atentos.