Nos últimos meses e apesar dos contactos frequentes entre Marco António Costa e Pedro Mota Soares, os dois partidos têm desenhado ideias de costas voltadas um para o outro. Agora, terão de se entender para apresentar propostas comuns aos eleitores.
«Não há dúvida de que é muito mais difícil fazer um acordo pré-eleitoral do que juntar programas depois das eleições», aponta um dirigente do PSD.
De um lado e de outro, ninguém tem dúvidas de que os impostos são o dossiê que mais separa os dois partidos. «O PSD tem seguido uma linha de rigor, o CDS acha que é preciso ser mais simpático», atira uma fonte da direcção social-democrata, que aponta a reforma da Segurança Social como outro dos temas em que pode ser difícil chegar a acordo.
Assunção Cristas, responsável pela elaboração do programa eleitoral do CDS, limita-se a garantir que «aquelas que são as linhas de força do CDS são para manter», sem se alongar sobre as propostas, mas admitindo que o «alívio fiscal» – tantas vezes pedido por Paulo Portas – continua a ser uma bandeira dos centristas.
«A nossa perspectiva é a de que o crescimento económico tem de ser reflectido não só na consolidação das contas públicas, mas nos contribuintes e nomeadamente nas famílias», explica Assunção Cristas.
Para já, e apesar de esta terça-feira o PSD ter feito uma conferência de imprensa sobre o programa eleitoral que está a preparar, as ideias dos dois partidos são ainda uma incógnita em vários pontos.
CDS debate ideias na próxima semana
Rogério Gomes, director do Gabinete de Estudos do PSD, limitou-se a avançar a proposta de um «contrato fiscal» com os portugueses, pondo a tónica na descida «progressiva» do IRC. Uma ideia que fontes do PSD acreditam ter dois efeitos práticos: amarrar o CDS a uma solução e antecipar-se aos centristas a falar na baixa de impostos.
No CDS, os relatórios finais dos 18 grupos de trabalho constituídos para dar ideias sobre seis áreas temáticas vão ser entregues até segunda-feira. A ideia, avançou ao SOL Assunção Cristas, é que «a discussão política se faça nos órgãos do partido durante a próxima semana».
Resta saber se estes calendários e as negociações que já se iniciaram informalmente vão permitir que o anúncio da coligação seja feito até ao final de Abril como tem vindo a ser apontado.
margarida.davim@sol.pt