Foi com “energia, vontade e determinação” e também com um “sentimento de humildade” que Fernando Medina disse assumir o cargo de presidente da Câmara de Lisboa. Primeiro, um elogio ao homem que o trouxe para número dois em Lisboa e lhe passou agora o testemunho, António Costa, “um presidente tão marcante na cidade”. Alguém que trouxe “uma nova visão” a Lisboa, transformando-a de “majestática e opaca” a “mais próxima dos cidadãos”.
Nos oito anos com Costa à frente de Lisboa, a autarquia “tornou-se um referencial de boas contas”, garantiu Medina, que tinha o pelouro das Finanças desde as últimas autárquicas. Uma referência que quer cumprir: “Manter as contas em ordem, pagar a tempo e horas e reduzir a dívida”.
Medina confirmou que “a casa está arrumada”, como referiu Costa na sua saída, e que agora “é tempo de fazer mais e melhor”. E em jeito de quase lema de campanha acrescentou: “É tempo de uma nova ambição”.
A receita foi enumerada: mais praças, mais jardins, mais frente ribeirinha, mais criação e liberdade artística, melhores serviços públicos, melhor limpeza, melhores pavimentos. Quanto a propostas concretas, Medina avançou que a prioridade será lançar um projecto de habitação que abranja “5 mil famílias de classe média” com rendas abaixo do salário mínimo. Destacou, ainda, as novas obras na zona ribeirinha, o programa para colocar 30 praças em cada bairro, a revisão do plano de drenagem a iniciar até ao Verão (que este Inverno foi alvo de críticas devido às cheias) e a repavimentação e reconstrução de mais de 100 ruas na cidade, esta última proposta será discutida já na próxima reunião de Câmara.
Se Costa ficou conhecido por ter conseguido aliar-se a outras forças partidárias, Medina lançou a ponte para entendimentos. “Vamos ter oportunidade de divergir e necessidade de nos entender”, disse o autarca, numa mensagem para vereadores e deputados municipais. “Uma cidade constrói-se com todos para além das maiorias do momento”, acrescentou.
Filho de dirigentes comunistas, Fernando Medina não esqueceu o 25 de Abril, referindo que é o primeiro presidente da Câmara a assumir o mandato que sempre viveu em liberdade. E agradeceu o esforço de quem contribuiu para que Portugal seja hoje um país “livre e democrático”, sentido assim uma “responsabilidade e dever acrescido”.
Para terminar, Fernando Medina voltou às palavras do início, “energia, vontade e determinação”, mas deixou uma “secreta esperança”. A de que no final do tempo do mandato, para o qual não foi eleito, consiga ganhar “o respeito e admiração” dos lisboetas pois essa é a “única medida para quem tem a honra de assumir a cidade de Lisboa”.