Esta preocupação de Cavaco – bem como em relação ao combate aos elevados índices de abstenção – foi particularmente patente em anos em que se realizaram eleições, como sucedeu em 2009 ou em 2011. E a par dos apelos aos consensos chegaram, em especial nos últimos anos, as críticas ao excesso de “crispação” entre os partidos e os principais agentes políticos.
Outro tema que marcou mais do que uma vez as intervenções do Presidente da República na cerimónia solene que enche o Parlamento de cravos vermelhos foi o combate à corrupção e o apelo à qualidade da democracia.
Cavaco revelou quase sempre também uma preocupação com a área social – deixando vários alertas para a necessidade de combate à pobreza, à exclusão social e (nos últimos dois anos de forma mais insistente) o combate ao desemprego, que elegeu como “uma prioridade da acção governativa”.
Houve excepções aos temas recorrentes. Em 2008, o Presidente da República surpreendeu com uma intervenção centrada num estudo que mandara realizar e que revelava uma considerável “ignorância” dos jovens sobre o Dia da Liberdade.
Também este ano, e por ser precisamente o seu último discurso no Parlamento, admite-se em Belém que o Presidente possa querer surpreender. Até ao final do mandato Cavaco ainda terá, porém, mais três oportunidades para falar aos partidos e aos portugueses: no 10 de Junho, no 5 de Outubro e na mensagem de Ano Novo.