‘É verdade o que se diz no livro sobre o Verão de 2013’

Passos Coelho abre a pré-campanha eleitoral com uma grande entrevista ao SOL. Fala, nomeadamente, do sms de Paulo Portas a comunicar a sua demissão no Verão de 2013. “A versão do livro e o que narra em discurso directo feito por mim corresponde à verdade”, afirma.

Na sua biografia lançada na semana passada consta uma declaração de Passos em que este recorda que Paulo Portas se demitiu por sms, ao  que o líder do CDS respondeu que o fez através de carta. No livro de Sofia Aureliano, assessora no Grupo Parlamentar do Partido Social Democrata, é esta a declaração de Passos, que agora reitera: “Quando ia a caminho da comissão permanente [do PSD], às 15h00, recebi uma sms do dr. Paulo Portas a dizer que tinha reflectido muito e que se ia demitir”.

A sua biografia autorizada suscitou grande polémica. Esperava este ruído todo? Afinal, Paulo Portas mandou-lhe ou não um sms?

De facto, não esperava, até porque as questões que mereceram polémica não trazem assim tanta novidade. Compreendo que a autora não quisesse deixar de abordar o que se passou naquele Verão de 2013 – nós não podemos apagar a história nem refazê-la – e percebo que, num ano de eleições, todas essas coisas são vistas com outra sensibilidade. Mas trata-se de um trabalho realizado com independência e, apesar da minha cooperação, isso tem de ser respeitado. Não me cabe fazer escolhas sobre essa matéria. Quanto ao que se passou no Verão de 2013, a versão do livro e o que narra em discurso directo feito por mim corresponde à verdade.

Sendo uma biografia autorizada, teve com certeza algum controlo sobre a data de saída. Por que não pôs a hipótese de sair apenas depois das legislativas, para não criar mal entendidos e crispações com o partido da coligação?

A data não foi acertada comigo: foi-me comunicada e não me pareceu que houvesse nenhum problema com ela. E não me parece que me caiba dizer a uma editora 'Olhe, este ano não me dá jeito que publiquem coisas destas porque tenho eleições e, portanto, escrevam sobre mim noutra altura qualquer'. Mas aproveito as duas perguntas para dizer o seguinte: nós passámos, em 2013, por uma crise verdadeira, não foi uma crise falsificada. E superámos essa crise porque, quer Paulo Portas quer eu – e os nossos partidos -, tivemos a maturidade suficiente para evitar um desentendimento que pusesse em causa quer a estabilidade do Governo quer o objectivo de concluir o programa de assistência económica e financeira. E isso é muito mais poderoso e muito mais esclarecedor do que qualquer pormenor da descrição do que se passou em 2013.

Já leu o livro? O que achou?

Ainda não tive tempo de ler o livro todo. Não é um género que me atraia particularmente, em particular sendo a minha própria biografia. Mas irei ler com certeza, com a obrigação de quem, sabendo que houve polémica em torno de algumas passagens, se quer inteirar do que ali é retratado.

Leia esta entrevista na íntegra na edição em papel do SOL, já nas bancas.

jas@sol.ptjal@sol.pt e manuel.a.magalhaes@sol.pt