O destino do íbis eremita sírio, uma ave migratória de que restarão apenas quatro exemplares em todo o mundo, está agora à mercê do bando armado, depois da tomada da cidade-museu síria de Palmira. Ali estão três exemplares, todos do sexo masculino, em cativeiro. O quarto espécime, uma fêmea chamada Zenobia, está desaparecido.
Os tratadores das aves em cativeiro tiveram de fugir perante o rápido avanço do Estado Islâmico, e não se sabe se os pássaros dispõem de condições para sobreviver. A busca por Zenobia está igualmente comprometida, mas a Sociedade Protectora da Natureza do Líbano, vizinho da Síria, está a oferecer 1.000 dólares por informações que conduzam à descoberta da íbis.
“As guerras acabam, mas ninguém pode trazer de volta uma espécie extinta”, disse à BBC Asaad Serhal, responsável daquela organização ambientalista.
Existe outro grupo de aves semelhantes aos íbis sírios nas montanhas de Marrocos, mas que diferem do grupo do Levante pelo facto de não serem aves migratórias. Encontram-se igualmente ameaçadas de extinção.
Citado pela BBC, o ornitólogo Steve Portugal, da Royal Holloway University de Londres, explica que os íbis eremitas têm desaparecido ao longo dos anos dos céus europeus e africanos devido à perda de habitat, à caça e ao uso de pesticidas. O declínio, explica, é intensificado pela perda da diversidade genética resultante da escassez de espécimes.
Palmira, em pleno deserto sírio e mundialmente conhecida pelo seu património arqueológico (detém um dos maiores conjuntos de ruínas romanas), foi palco no último dia de uma matança que vitimou pelo menos 400 pessoas, a maioria mulheres e crianças, como foi noticiado pelo SOL.