"Em termos de conduta em exame e a cópia propriamente dita, o que nós obtivemos foi que cerca de 61% dos estudantes admitiu já ter copiado em exames no seu percurso do ensino superior, sendo que 2,4% admitiu que o faz muitas vezes ou sempre", disse à Lusa Aurora Teixeira, investigadora do Observatório de Economia e Gestão e Fraude (OBEGEF), que liderou o estudo científico.
Apesar da magnitude da cópia em exame ser "extremamente elevada" no ensino superior em Portugal, a investigadora revela que o "comportamento quase massificado" e "generalizado de cópia" desceu nove pontos percentuais em relação ao estudo idêntico de 2010, em que 69,3% dos inquiridos admitia copiar nos exames.
O relatório síntese global do estudo científico a que a Lusa teve hoje acesso revela também que os estudantes que admitiram já ter copiaram, apenas "2,5% foram apanhados" a cometer aquela fraude.
"Um número preocupante é a percentagem de estudantes que diz já ter sido apanhado é relativamente reduzida, apenas 2,5%", comentou a investigadora e professora na Faculdade de Economia da Universidade do Porto.
Dos inquiridos, 54,4% "entende que frequentemente a cópia é deliberada", e 74,5% dos inquiridos conhece alguém que "habitualmente copia nos exames".
Outro dado a destacar é que 40,3% afirmou "observar frequentemente ou sempre outros estudantes a copiar nas provas académicas".
Para a investigadora "era preciso que existisse um esforço muito grande de sensibilização para estas matérias, não só em particular no ensino superior, mas de uma forma em geral na sociedade para que os comportamentos se alterassem radicalmente".
Aurora Teixeira refere que quer o plágio, quer a cópia "é muito menos frequente no grau de doutoramento".
"Apesar de existir é muito baixinho. É mais alto no mestrado", revela a investigadora, explicando que há mais plágio e cópias nos mestrados porque os alunos "conhecem melhor os cantos à casa" e não têm todo o tempo para estudar, pois têm trabalho e vida familiar.
Do universo dos 4.028 estudantes inquiridos inscritos no ensino superior este ano lectivo, 32,1% admitiu que se não houvesse vigilância durante um exame ou qualquer sanção por copiar estudaria menos. O relatório revela que "23% dos alunos estudariam menos 50% se não houvesse vigilância nos exames".
A especialista defende que há de facto "um fenómeno generalizado" de cópia e plágio que convinha ser levado mais a sério e que devia ser "prevenido" e "atacado".
Copiar nos exames é a fraude mais utilizada em todos os graus de ensino, mas existem muitas mais formas de prevaricar.
Copiar respostas pelo colega durante o exame, utilizar cábulas escritas, utilizar o telemóvel para obter ou trocar respostas, reciclar ensaios ou trabalhos de uma disciplina para outra, citar ou parafrasear com fonte bibliográficas inadequadas ou pedir a um colega para assinar a presença.
O estudo da Universidade do Porto "Integridade Académica em Portugal" teve como objectivo caracterizar a situação portuguesa dos estudantes inscritos no ensino superior no que se refere aos diversos comportamentos e condutas desviantes em termos académicos.
Lusa/SOL