Um maná de prosperidade.

A reflexão é mais ou menos simples. Se o Programa de Assistência falhou. Se estamos pior do que estávamos em 2011 como é que o PS propõe medidas, soluções e expectativas baseadas em cenários de crescimento económico?

Não pode. Na verdade, e apesar de alguns dos seguidores de António Costa o afirmarem constantemente, o Programa de Assistência resultou. Os dados que hoje dispomos são inegáveis. A taxa de desemprego recuou em março, quer em termos homólogos, quer na variação em cadeia, para 13,5%, o que representa menos cerca de 70 mil pessoas relativamente a março de 2014 (14,7%), e menos quase 7 mil que no mês anterior. Existem agora cerca de 692 mil pessoas, um número ainda muito elevado, mas consideravelmente mais baixo abaixo dos valores de 2011 (706.100).

As nossas exportações, que têm vindo a ter um desempenho exemplar desde o início do processo de ajustamento, continuam a demonstrar resultados sólidos positivos, com um comportamento de destaque a nível Europeu. Portugal foi o 5º país da União Europeia dos 15 em que as exportações de bens mais cresceram ficando apenas atrás do Luxemburgo, Alemanha, Irlanda e Itália.

Em 2013, as reservas dos depósitos do Estado eram de montante quatro vezes superior ao que o Estado retinha em abril de 2011, quando pediu o resgate. Em agosto de 2013, o montante em depósitos já era suficiente para assegurar o pagamento aos funcionários do Estado um ano.

A economia portuguesa cresceu 1,4% no primeiro trimestre deste ano em termos homólogos e 0,4% face ao trimestre anterior. O INE justifica que a aceleração de 1,4% em volume do PIB no primeiro trimestre de 2015, em termos homólogos, "esteve associada ao aumento do contributo da procura externa líquida", em resultado do "abrandamento das importações de bens e serviços e da aceleração das exportações de bens e serviços". O PIB registou, assim, o sexto trimestre com crescimento homólogo positivo. Lembro que desde o 1º TRIM de 2011 Portugal registava crescimento negativo.

Estamos, como se percebe, melhor hoje do que estávamos em 2011. E Costa sabe-o. Aliás a sua resposta, à mesma pergunta na entrevista que deu ao Observador, é sintomática disso mesmo. Transcrevo:  “(silêncio, seguido de sorriso) Bom, quer dizer, temos de ser generosos. Alguma virtude deve ter havido, mas eu tenho dificuldade… quanto ao balanço global, o que é que nos foi prometido que seria o resultado final?”

O que foi prometido foi, ao contrário do que Costa e outros afirmaram, que cumpriríamos o memorando, com rigor e muito esforço, sem necessidade de recorrermos a novos empréstimos e a um novo resgate. Foi o que aconteceu.

Não deixam de existir, nas propostas de Costa, algumas coisas curiosas. A 1 de Maio de 2015, Costa e os seus economistas, prometiam a descida da sobretaxa do IRS provocando, essa descida, a criação de 15 mil empregos até 2018. Um compromisso “testado” e “exequível” com vista a um “programa credível”.

A 9 de Maio João Galamba, homem forte da orientação da política económica do PS, escrevia no Twitter a propósito da descida da TSU das empresas: “Falso. Criação de emprego depende da procura, do consumo e do investimento. Não da redução da TSU para as empresas.”.

Ontem, pela voz de Costa, não só a descida da TSU das empresas “facilita a negociação salarial”, o que é evidente, como criará, até 2019, 45 mil empregos.

Toda esta coerência e ainda só estamos em Maio. Não me admirará muito se até Outubro não voltaremos a ouvir falar nos tais 150 mil empregos que Sócrates prometeu em 2009. Afinal de contas vivemos num maná de prosperidade…