PCP capitaliza ‘imagem de marca’ na campanha

O PCP lançou-se na corrida às legislativas de Outubro e numas eleições com recorde de candidaturas – sobretudo à esquerda – os comunistas vão exaltar a história do partido e a credibilidade no poder local para conquistar eleitorado. ‘Trabalho. Honestidade. Competência’ são os três conceitos-base da política de comunicação definida pelo partido liderado por Jerónimo…

A ausência de escândalos a envolver dirigentes comunistas, e a implantação – e o rasto deixado – no Poder Local ou a seriedade com que os comunistas são vistos pelos outros partidos dão argumentos ao PCP para se imporem à concorrência. Catarina Martins, porta-voz do BE, admitiu recentemente que os bloquistas estariam disponíveis para formar governo com o PCP, no que foi entendido como um voto de confiança ao comunistas.

A estes elementos que compõem a imagem de marca do PCP, junta-se a comunicação política eficaz para uma boa parte do eleitorado que tradicionalmente vota à esquerda do PS. “O PCP tem uma mensagem política tradicional mas segura para determinados segmentos da população”, nota António Costa Pinto. “O PCP é um partido de projecto, que sobrevive ao tempo, e não um partido de causas como os restantes partidos da sua área política”, acrescenta Rui Oliveira e Costa, da Eurosondagem.

No estudo de Maio da Eurosondagem do Expresso, o PCP é o único partido à esquerda do PS que sobe: soma 10.3% das intenções de voto e tem 21 mandatos (em 2011 elegeram 14). Oliveira e Costa é claro na análise: “Os outros partidos não sobem porque sobe o PCP”. E acrescenta, olhando para Espanha: “Não há um 'Podemos' [partido fundado por Pablo Iglesias] porque há o PCP”.

'PCP resistiu bem ao BE'

Para Costa Pinto as forças à esquerda do PS, incluindo os novos partidos, como o Livre/Tempo de Avançar, não são uma ameaça para os comunistas. “Os pequenos partidos tiram mais eleitores ao PS do que ao PCP. O PCP resistiu muito bem ao BE, que foi a sua principal ameaça”.

O coordenador do Instituto de Ciências Sociais nota, contudo, que o grande desafio do PC será a “polarização que o PS poderá fazer” durante a campanha. Jerónimo de Sousa, ao Observador, antecipou o tom da campanha: impedir que PS e PSD “juntem os trapinhos” e acabar com a “mistificação das substanciais 'diferenças'“ entre ambos.

Para Oliveira e Costa, o PCP, partido com 94 anos, tem “história; cultura; segurança e tradição”. O professor universitário nota que é esta estrutura que ajuda a enfrentar novas questões sem penalizações eleitorais: “O PCP até aqui tem dificuldades em competir com as forças à esquerda sobre a questão do Euro e do Tratado Orçamental. Esta questão não estava no ADN do partido, que teve de se adaptar com a ajuda de uma máquina profissionalíssima”.

ricardo.rego@sol.pt

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