A comissão central militar norte-coreana, presidida por Kim Jong-un, aprovou um ultimato depois de ter exigido a Seul o fim à guerra de propaganda e à ameaça de operações militares concertadas.
Esta decisão surge num momento em que as tensões se intensificaram na península coreana, na sequência de uma troca de tiros de artilharia entre Pyongyang e Seul, que colocou as forças armadas em alerta máximo.
De acordo com a KCNA, o "número um" do regime comunista ordenou às unidades do exército do povo coreano (APC), destacadas na zona desmilitarizada (DMZ) entre os dois países, que permaneçam "em estado de guerra" a partir das 17:00 (09:30 em Lisboa) de hoje.
Estas tropas devem estar "completamente prontas para o combate e para lançar operações surpresa", enquanto que toda a linha da frente deve estar em "semi estado de guerra", decretou Kim Jong-un, citado pela KCNA.
Esta medida surge para apoiar o ultimato apresentado na quinta-feira a Seul, mediante o qual Kim Jong-un exigiu o fim da guerra de propaganda e das ameaças de operações militares concertadas.
A comissão central militar (CCM) da Coreia do Norte, presidida por Kim Jong-un, aprovou o ultimato e possíveis "ataques em represália e de contra-ataque ao longo de toda a DMZ".
O ministério da Defesa sul-coreano rejeitou o ultimato norte-coreano, que termina no sábado às 08:30 TMG (09:30 em Lisboa), acrescentando que os altifalantes sul-coreanos, junto à fronteira, vão continuar a difundir mensagens de propaganda.
Os chefes do Estado-maior das forças armadas sul-coreanas responderam diretamente ao APC, pedindo que se abstenha de "qualquer ato irrefletido" e advertiram que não ficariam "de braços cruzados" perante novas provocações.
Na quinta-feira, Pyongyang disparou vários obuses em direção de um dos altifalantes sul-coreanos. Seul replicou com o disparo de dezenas de obuses.
A maioria dos projéteis disparados pelos dois lados caiu na respetiva parte da DMZ, que se estende por dois quilómetros entre as fronteiras propriamente dos dois países.
No início do mês, dois soldados sul-coreanos ficaram gravemente feridos num ataque com minas antipessoal, atribuído por Seul a Pyongyang, mas que o regime norte-coreano negou.
Este ataque levou Seul a retomar a guerra de propaganda através dos altifalantes presentes na fronteira, após 11 de silêncio.
A CCM sublinhou que a calma só voltará se Seul deixar de difundir mensagens de propaganda, acrescentando que os comandantes das forças armadas norte-coreanas receberam ordens para preparar a "destruição daqueles instrumentos de guerra psicológica" e eventuais contra-ataques, de acordo com a KCNA.
O último ataque direto do Norte contra o Sul data de dezembro de 2010, quando o regime norte-coreano bombardeou a ilha sul-coreana de Yeonpyeong, matando dois soldados e dois civis. Seul respondeu com o lançamento de obuses contra posições norte-coreanas.
Em 2013, o jovem dirigente norte-coreano tinha declarado "o estado de guerra" com o Sul.
Os dois países continuam tecnicamente, 65 anos depois da Guerra da Coreia (1950-53), que terminou com a assinatura de um armistício e nunca foi formalizado num tratado de paz.
Washington e a ONU manifestaram a sua preocupação com a escalada da tensão.
Os Estados Unidos "continuam empenhados na defesa do aliado" sul-coreano e "continuam a monitorizar a situação", disse o Pentágono.
Lusa/SOL