Preferir o certo ao incerto: Santa Casa em vez de Belém

Pedro Santana Lopes acabou com o tabú: não será candidato a Belém. O avanço de Marcelo – cada vez mais provável – pesou na decisão, mas, no comunicado oficial enviado à Lusa, Santana desvenda outra razão: o lugar de provedor da Santa Casa da Misericórdia.

“Tomei esta decisão, considerando os meus deveres enquanto Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e, também, as minhas responsabilidades profissionais”, escreve Santana Lopes na nota enviada à Lusa com que arruma definitivamente o assunto que há meses enche páginas de jornais e ocupa comentadores.

“Não serei candidato à Presidência da República nas próximas eleições”, afirma taxativo, relevando que prefere ficar no lugar que já ocupa e onde está a desenvolver um trabalho que lhe interessa e que ainda na última edição do jornal Expresso fez questão de divulgar.

Santana terá, assim, optado por não deixar o certo pelo incerto. Com a cada vez mais provável candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à Presidência, chegar a Belém seria uma tarefa quase impossível. As sondagens dão conta de que Marcelo é de longe o candidato mais forte no centro direita e do lado de Rui Rio continuam movimentações que não excluem uma candidatura.

Caso entrasse na corrida a Belém, Santana Lopes teria de deixar o lugar de Provedor da Misericórdia, onde já por várias vezes disse publicamente estar a fazer um trabalho de que gosta e que teria de abandonar para se dedicar a uma candidatura com hipóteses muito remotas de uma vitória.

Santana justifica o momento escolhido para esta declaração com a vontade de separar as águas entre legislativas e presidenciais. “Deixar a divulgação desta decisão para depois de 4 de Outubro nunca permitiria esclarecer uma provável dúvida desse teor”, afirma.

margarida.davim@sol.pt