Passos tentou travar uma Catarina sempre ao ataque

      

Num debate que acabou por se revelar o mais quente e aguerrido até ao momento, Catarina Martins chamou irresponsável e traidor a Passos Coelho. O primeiro-ministro acusou a coordenadora do BE de ser irrealista e de desafiar os portugueses a embarcar em aventuras.

Quatro temas dominaram o debate entre o líder da coligação Portugal à Frente. A Segurança Social foi a principal protagonista dos momentos mais acesos e dominou grande parte do tempo em que Passos Coelho e Catarina Martins se defrontaram, mas também a venda do Novo Banco, a dívida pública e o programa de assistência financeira, que implicou quatro anos de austeridade, estiveram em cima da mesa e serviram para os dois candidatos esgrimirem argumentos no debate desta noite na RTPi.

Catarina Martins jogou sempre ao ataque, exigindo insistentemente ao primeiro-ministro números e dados concretos ao longo do debate. Mas Pedro Passos Coelho, que se manteve fiel ao seu estilo sereno e explicativo, conseguiu desta feita desmontar acusações da coordenadora do BE e ser mais claro na questão, nomeadamente da proposta de plafonamento da Segurança Social que, assegurou, "terá um carácter voluntário e uma expressão relativamente pequena", já que vigorará apenas para os novos contratos.

No balanço dos últimos quatro anos de austeridade, Catarina Martins metralhou Passos Coelho com números. "O PIB português recuou 15 anos", atirou logo a matar, para pouco depois acusar o líder da coligação de direita de ter cortado salários, pensões e de ter esvaziado o país de gente e "ainda lhes chamou piegas".

Passos Coelho procurou refutar a ideia de que foram os sacrifícios impostos pelo seu Governo que trouxeram a crise. "O que trouxe os sacrifícios foi a crise e não o contrário como o BE tem querido fazer crer", sustentou, insistindo na ideia de que "a economia está a crescer e a gerar mais emprego".

O cumprimento do programa de assistência financeira, dentro do prazo e sem pedir mais dinheiro, foi mais um argumento a que Passos recorreu para mostrar a eficácia das políticas do seu Governo e consolidar a ideia de que os sacrifícios valeram a pena.

A reestruturação da dívída foi mais uma vez defendida pela coordenadora do BE que considerou que a actual dívida "é impagável" e puxou a social-democrata Manuela Ferreira leite e o centrista Bagão Félix para o debate lembrando que têm a mesma posição do BE. Passos contra-atacou com a Grécia e o Governo de Varoufakis argumentando que tal seria "uma aventura tremenda". Isto porque para o primeiro-ministro é "incompreensível que um país que precisa de assegurar o financiamento às famílias, às empresas e ao Estado diga aos seus credores que não está em condições de pagara a sua dívida", pois, reforçou, "nessa altura não está  em condições de se financiar".
 
A propósito da venda do Novo Banco, que hoje se soube que foi adiada, Catarina Martins considerou que "o Governo oportunamente reconduziu Carlos Costa como governador do Banco de Portugal e Carlos Costa oportunamente adiou a venda para depois das eleições" e insistiu várias vezes que no Novo Banco "há dinheiro público, há decisão do Governo, e há custos para os contribuintes".

Passos Coelho por seu lado garantiu, também por mais do que uma vez, que "não haverá impacto direto para os contribuintes", recordando que o estado emprestou 3,9 mil milhões de euros a juros muito elevados" e caso haja prejuízos "serão suportados pelo sistema financeiro", reconhecendo que a ser assim à Caixa Geral de Depósitos, o banco público, caberá suportar a sua parte.

E sublinhou que haveria custos se o Governo tivesse  optado por nacionalizar o BES como, referiu, o BE defendia.

sofia.rainho@sol.pt