Portugal ganha com a crise no Brasil

Apesar da instabilidade política e do colapso imobiliário no Brasil, os portugueses ainda continuam o ‘namoro’ com os investidores brasileiros. Segundo os especialistas esta situação até pode ser vantajosa para o imobiliário português e a explicação é simples: investir em produto português é seguro.

Por isso continuam as operações de charme no Brasil e este mês sob a bandeira da Christie’s. A Porta da Frente e a Christie’s, em conjunto com a Axpe – afiliada da Christie’s em São Paulo -, voltam ao Brasil para reunir nessa cidade e em Brasília, em eventos destinado a promover e vender imóveis em Portugal. Propõem-se mais uma vez a apresentar o nosso país como destino de investimento.

Os encontros vão manter o mesmo tema – ‘Investimento imobiliário em Portugal: Enquadramento e oportunidades’. No dia 15 de Setembro, próxima quinta-feira, há uma primeira sessão na cidade de São Paulo, no Hotel Tivoli, onde estarão envolvidas a Axpe, a Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil em São Paulo, a TFRA Advogados e o Banco Caixa Geral Brasil.

No dia 17, o encontro efetua-se em Brasília, nas instalações da Embaixada de Portugal, juntando a Axpe, a Embaixada de Portugal em Brasília, a Câmara de Comércio Brasil-Portugal, a TFRA Advogados e o Banco Caixa Geral Brasil.

Rafael Ascenso, diretor geral da Porta da Frente, revela que Portugal é cada vez mais um destino seguro para investir: “Quanto maior é a instabilidade no Brasil, maior é a vontade das pessoas procurarem lugares mais calmos para investir e até residir. Por outro lado, a queda do Real faz com que haja uma quebra do poder de compra. No geral, como temos tido um fluxo constante e até crescente de brasileiros, acreditamos que a crise no Brasil nos tem ajudado”.

Brasileiros compram como forma de aplicar capital

O diretor da Porta da Frente revela ainda que os brasileiros compram essencialmente como aplicação de capitais num mercado seguro, com possibilidade de valorização de capital. Compram para usufruírem algumas semanas ou meses por ano.

Segundo o responsável, os brasileiros sabem que estão a investir num mercado imobiliário maduro, onde não há registo de bolhas imobiliárias, e a um preço muito inferior às principais cidades europeias. A língua e a aproximação crescente entre Portugal e Brasil também são fatores importantes, na opinião do responsável.

Rafael Ascenso recorda que quando a Porta da Frente/Christie’s começou a ir ao Brasil, há cerca de três anos e meio, eram raros os que queriam investir em Portugal. O foco estava mais nos Estados Unidos (nomeadamente Miami) e Paris.

“Felizmente que persistimos, nós e outros, com eventos como este. Hoje o panorama mudou. Começou com a vontade de conhecerem Portugal e descobrirem um país que não esperavam, com quase tudo o que procuram. Essencialmente segurança, organização e estabilidade”, garante agora Rafael Ascenso.

Rio de Janeiro também na agenda de setembro

Antes de São Paulo e Brasília, no dia 14 de setembro, há um outro evento a decorrer naquele país lusófono. Será no Rio de Janeiro, organizado pela Invest Lisboa em associação com a Cobertura-Sociedade de Mediação Imobiliária e a Abreu Advogados.

O local escolhido foi o Palácio São Clemente, residência oficial do Cônsul-Geral de Portugal na cidade carioca, para um encontro com empresários e investidores brasileiros destinado a promover Lisboa como ‘capital de investimento imobiliário’. A sessão conta com o apoio da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa do Rio de Janeiro, do Consulado de Portugal, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN) e da AICEP.

Colapso imobiliário no Brasil

O objetivo de todas estas empresas e associações é aproveitar o momento, já que a crise está instalada no Brasil. “As vendas de imóveis na maior economia da América Latina caíram 14% no primeiro semestre de 2015, segundo dados do Instituto Nacional Imobiliário do Brasil. As construtoras reduziram os novos projetos em 20% no período e o financiamento disponível encolheu em cerca de um quarto”, podia ler-se recentemente num artigo da agência noticiosa Bloomberg.

O que era até há bem pouco tempo um dos maiores símbolos do crescente poder económico do país – o mercado imobiliário – revela agora sintomas preocupantes que se prendem com a situação económica em geral. Tanto mais que o setor imobiliário corresponde a cerca de 10% da economia do Brasil. Os analistas projetam que a recessão será “a mais longa desde os anos 1930”.

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