"Se quiseres empresto-te um", atirava Portas, enquanto Passos se aventurava pela visita de cabeça descoberta.
O local escolhido não podia ser melhor para o Governo mostrar o país que diz ter mudado nestes últimos quatro anos. Uma produção agrícola que exporta 59% dos vinhos, com sete marcas adaptadas aos mercados asiáticos, mas também produção de milho e produtos florestais e com painéis solares que garantem a eficiência energética.
Com uma debulhadora pronta para a fotografia, Passos Coelho foi rapidamente convidado a colher milho. "Colher não colho, mas gosto de ver", respondia enquanto Paulo Portas subia já para a máquina agrícola. Menos convicto, o líder do PSD seguiu-lhe as pisadas.
Fotografias feitas, Portas lançava os números. "Há já 230 milhões de euros de exportação de vinho por ano. O objetivo são 900 milhões", explicava aos jornalistas, para lembrar que o sector agroalimentar representa já "mais de 20% das exportações".
Passos Coelho também não descurou os números mas foi para, numa plantação de tomate, explicar a um agricultor que antes de fazer investimentos públicos no regadio "é preciso fazer as contas e fazê-las bem-feitas".
Em campanha todas as oportunidades são boas para lembrar o despesismo socialista e a queixa do agricultor sobre as dificuldades de água no Ribatejo serviu para lembrar os gastos que foram feitos e podiam ter sido evitados numa rede de pré-escolar pública "por motivos meramente ideológicos".
"Tem de se ver o que é mais eficiente " concluía o primeiro-ministro que acabou a manhã na Casa do Cadaval, a elogiar a ministra Assunção Cristas e a dar a Agricultura como um exemplo.
"Há um antes e um depois na Agricultura" afirmou Passos, apontando o "contraste entre o ministro Jaime Silva e a nossa ministra Assunção Cristas".
"Fizemos o investimento público que era indispensável para alavancar os fundos comunitários", recordou o primeiro-ministro, acusando os socialistas de "incompetência" e de "não acreditarem" no setor agrícola.
"Se pensarmos bem, afinal, é disto que precisamos em todas as áreas do país", apontou Passos Coelho, depois de falar no sucesso das exportações que competem "não só com bons preços, mas com qualidade".
A receita, explicou o líder da coligação com uma vénia ao parceiro CDS, está "na capacidade de diálogo e de compromisso ".
Um dia depois de António Costa ter anunciado não ter a intenção de aprovar um Orçamento de um governo PSD/CDS, Passos desejou que "não sejam as fraturas partidárias que impeçam o país de progredir ".
Com caravana já num almoço no Centro de Negócios de Ourém, o sucesso das exportações e dos bons indicadores económicos voltou a fazer parte da ementa.
Portas e Passos não perderam a hipótese de citar os números positivos da economia, com o primeiro-ministro a lamentar a falta de "espírito de coesão" num novo conjunto de recados que haveria de terminar com o apelo a "uma maioria clara".
'Costa está a anunciar que vai votar contra o país'
Passos criticou o "espírito demagógico, palavroso em que tudo está mal, eleitoral, em que todas as boas notícias possam representar uma desvantagem para aqueles que queiram ganhar as eleições". E acusou António Costa de não ter uma atitude positiva perante os sinais que mostram um relançar da economia.
Foi no almoço que líder da PáF acabou por fazer o ataque mais direto ao anúncio de Costa sobre uma eventual viabilização de um Orçamento da coligação.
"Esta não é uma atitude que se espera de alguém que quer unir o país", disse, considerando que a radicalização do PS terá um custo para o país.
"O que o líder do principal partido da oposição está a dizer não é que vai votar contra o orçamento, o que está a dizer é que vai votar contra o país", afirmou, explicando que do lado da coligação continuará a haver um espírito de diálogo com Passos a convidar Costa para se sentarem "na mesma mesa" para discutir a reforma da Segurança Social, seja qual for o resultado das eleições.
"Temos a obrigação de nos pôr de acordo para salvaguardar as pensões dos portugueses", defendeu.