‘Não se esfola um coelho antes de o caçar’, diz Passos

Passos, que também é Coelho, usa uma metáfora de caçador no terceiro dia de campanha: «Não se esfola um coelho antes de o caçar».  frase é para evitar responder a uma pergunta sobre se Maria Luís Albuquerque continuará nas Finanças caso ganhe as eleições, mas é também um aviso a António Costa, numa altura em…

Ninguém dá nada como ganho, mas também ninguém dá nada como perdido na coligação. A estratégia é evitar lapsos, mesmo que eles teimem em aparecer. Ontem, foi o equívoco do primeiro-ministro que confundiu o pagamento de obrigações do tesouro a 10 anos com um pagamento antecipado ao FMI. Hoje, no Barreiro, a visita à Santa Casa da Misericórdia deixou o líder da coligação na posição desconfortável de ter de ouvir um idoso a dizer que chega a ter de pedir dinheiro ao filho para comprar roupa.

A segunda 'senhora de cor de rosa'?

Com as câmaras sempre a filmar, o reformado foi-se queixando e Passos Coelho foi explicando. É assim o seu estilo. «Palavroso», repete-se na comitiva.

Há quem ache que é um estilo que não se pode mudar, quem defenda que ajuda que Passos continue igual a si próprio e quem tema os efeitos de uma segunda «senhora de cor de rosa». A verdade é que o registo das televisões é forte: um idoso a queixar-se perante um primeiro-ministro que tenta dar-lhe explicações. «É um testemunho poderoso», confidenciava o repórter de uma televisão.

Passos, esse, está sempre disponível para ouvir e para falar. Portas tem pedido aos militantes disponibilidade «para ouvir» e para «explicar» e a Passos disponibilidade não tem faltado, mesmo que as oportunidades tenham sido poucas, porque raras vezes a comitiva se tem detido em espaços públicos.

«Eu tenho conversado com todas as pessoas», reconhece Passos, que antecipa já uma explicação para momentos em que deixe de o fazer como gostariam muitos dos seus mais próximos. «Não posso ficar com a comitiva parada de cada vez que alguém quer falar comigo», justifica-se.

Argumentos não lhe faltarão para tentar convencer os portugueses que o queiram ouvir: «Quando temos ideias bem definidas, não creio que isso seja uma inibição».

No Terminal do Barreiro que não promete construir 

«Não andamos a evitar coisa nenhuma. Eu andei nas ruas de Portugal nestes quatro anos, em condições bem mais difíceis», assegurava Passos Coelho esta manhã no local onde há-de ser o futuro Terminal de Contentores do Barreiro, se os estudos económicos e ambientais o defenderem o investimento privado o financiar, porque o líder da PàF não quer investimento público para o construir e ele não consta do programa da coligação.

Com Lisboa em pano de fundo e uma vista de Tejo, o plano é ideal para as televisões, mas não há populares à vista. Como não havia antes no Museu Industrial da Baia do Tejo onde Passos e Portas foram perceber como o grupo privado CUF geriu durante anos a indústria no Barreiro.

A arruada está prometida para esta tarde, no Montijo, onde Passos e Portas terão a cabeça de lista da coligação por Setúbal, Maria Luís Albuquerque. Será um teste de fogo num bastião comunista e foi um ponto só acrescentado à agenda esta manhã.

Teste está marcado para o Montijo com Maria Luís ao lado

Até agora, diz Maria Luís, «as coisas têm corrido bem». E os insultos são uma exceção. «Há sempre umas bocas. Mas poucas. Ainda recentemente estive nas festas da Moita e correu tudo muito bem», garante ao SOL a ministra das Finanças, que está confiante num bom resultado no dia 4 de Outubro. A confiança é partilhada, sem euforias, pelas hostes de PSD e CDS, animadas pela tendência positiva das sondagens e, garantem, pela pouca animosidade nas ruas. Até agora, os jornalistas não puderam ainda medir esse grau de aceitação, já que a caravana tem andado quase sempre dentro de portas.

A mensagem continua a centrar-se no «trabalho feito» que Passos diz ter para mostrar. Mas esta manhã com uma nuance: Passos Coelho diz agora que prefere falar do futuro. «Ninguém mobiliza um eleitorado a falar de problemas».

margarida.davim@sol.pt