“Pedro Passos Coelho é um verdadeiro lapsista, é um especialista em lapsos”, afirmou o ex-ministro de Sócrates, Augusto Santos Silva, num comício cheio no Largo da Capela Nova, em Vila Real, a terra do primeiro-ministro. “Lapso” tinha sido a palavra usada hoje pelo Governo para se referir ao equívoco do primeiro-ministro que anunciou que o Estado iria reembolsar antecipadamente ao Fundo Monetário Internacional (FMI) 5,4 mil milhões de euros. Afinal, o que acontecerá nessa data é um reembolso que já estava previsto de uma obrigação emitida em 2005.
E Santos Silva aproveitou o “lapso” para enumerar os “lapsos” que Passos prometeu em campanha e não cumpriu no Governo: dos cortes nos salários, aos cortes nas pensões e apoios sociais e ao aumento do IVA e IRS. “São tantos lapsos que para nós que somos do Norte cheira mais a aldrabice que a simples erro”, rematou. Por isso mesmo apelou ao voto no PS que “acaba com os lapsos, com a cegarrega das aldrabices”.
“E se querem ir à bola vão de manhã votar que as urnas abrem de manhã cedo”, avisou o ex-governante, uma vez que para a noite eleitoral estão marcados jogos do campeonato.
No final do discurso o microfone não colaborou: “Nem o micro aguenta a minha pedalada”, gracejou Santos Silva.
Com Guterres e Sócrates nos corações
Foi o ex-director de campanha do PS, Ascenso Simões, quem pronunciou pela primeira vez o nome do ex-primeiro-ministro durante a campanha. E logo para deixar elogios.
“Foi com António Guterres e José Sócrates que o nosso distrito mais investimento teve e foi nesses mandatos que conseguimos conseguimos ligar-nos ao litoral e ter melhores condiçes de vida”, arrancou o dirigente socialista. “Os transmontamos não se esquecem de quem nos ajudou, de quem esteve ao nosso lado. Estão sempre presentes nas nossas lutas e nos nossos corações”, garantiu.
O também cabeça-de-lista pelo distrito de Vila Real lembrou que foi em 1995, com Guterres, que o PS teve a primeira vitória no concelho e em 2005, com Sócrates, que os socialistas venceram o distrito. “Queremos uma nova vitória como a de 2005”, afirmou.
Ascenso atirou a Passos, que também foi cabeça-de-lista pelo distrito em 2011, e apontou três problemas do distrito. A emigração – “O que será de nós se não pararmos esta sangria? O que será destas terras? -, a saúde pela falta de médicos e o abandono da agricultura.
“Queremos continuar a ter as nossas galinhas, os nossos coelhos, mesmo que o coelho não nos ligue nehnuma”, ironizou.
“O radicalismo ultra-liberal”
Na terra de Passos, Costa carregou nas tintas contra a coligação, conta os “radicais ultra-liberais”. “Foi preciso chegar esta geração à liderança do PSD e CDS para um radicalismo ultra-liberal romper com aquilo que são as bases fundadoras do nosso Estado Social”, acusou o líder do PS.
A campanha do PS não é só feita em cima dos palcos, garantiu Costa, mas no contacto com a realidade e as pessoas. Para ajudar a ilustrar isso, o líder do PS mostrou que sabia o jargão da região, com a ajuda de Ascenso: os guarda-chuvas que em Vila Real afinal são chusssos (pronunciam-se tchussos) e o bom vinho tinto da adega de Santa Marta, que lhe valeu uma grande salva de palmas.
Na recta final do discurso, Costa dramatizou para pedir mais votos com o objectivo de obter mais que três deputados no distrito: “Porque se não forem votar, o que estão a fazer é contribuir para o que menos desejam”. Ou seja, continuar com o Governo de direita, de Passos e Portas.
sonia.cerdeira@sol.pt