Aguiar-Branco: ‘Estou empenhado numa maioria absoluta’

O ministro da Defesa de Passos Coelho elege a criação de emprego como prioridade no Porto. Aguiar-Branco acredita numa maioria absoluta da coligação, “para não ficar refém dos amuos e humores” de António Costa.

Qual é a medida mais urgente para o Porto?

A medida mais urgente tem a ver com a criação de emprego. E isso passa por darmos condições às empresas para poderem produzir. Nesse sentido, se fizermos tudo o que estiver ao nosso alcance para aliviar custos de contexto para as empresas estaremos a favorecer a criação de emprego. É preciso alcançar maior estabilidade fiscal, ter custos de contexto mais favoráveis, e ter reposta a capacidade exportadora porque aqui no Porto o tecido empresarial de pequenas e médias empresas é a prioridade. Outra prioridade é o combate às desigualdades que neste distrito são significativas.

E a mais urgente para o país?

É convergente, na medida em que o foco da região tem muito a ver com o tecido empresarial que gera emprego. E como as empresas e a criação de emprego são os focos essenciais para sustentar o crescimento económico que o país já iniciou e precisa de ser consolidado, são essas áreas que temos de tratar com prioridade em termos nacionais.

Qual foi o episódio que mais o marcou durante as suas ações da pré-campanha?

Não tenho um episódio. Mas o contacto pessoal de rua tem sido uma nota marcante. É marcante a forma cuidada e interessada como as pessoas nos abordam com a intenção de serem esclarecidas. As pessoas procuram-nos na rua para conversar.  E isso é positivo. Talvez a reforma mais importante destes quatro anos tenha sido a reforma das mentalidades. Acredito que as pessoas já não vão tanto em promessas, sobretudo como as que António Costa faz,  prometendo tudo a toda a gente desde que isso seja simpático ou popular. Os portugueses já não acreditam nessa forma de fazer política. É positivo esta realidade que sinto na rua que traduz isso mesmo. Aliás, acho que já nem o cabeça de lista do PS no Porto, Alexandre Quintanilha, acredita nessa forma de fazer política nem em António Costa porque prefere falar mais das suas experiências nos Estados Unidos e em Londres do que propriamente no distrito e no país.

A coligação PSD/CDS consegue entender-se com o PS na busca de uma solução que garanta a sustentabilidade da Segurança Social?

A posição da coligação já foi bem expressa por Passos coelho e Paulo Portas e eu acompanho-a. Também já expressaram, e eu partilho essa opinião, que seria bom, seria importante que houvesse essa possibilidade de entendimento com o PS. Estamos a tratar de uma matéria que é de grande importância para várias gerações, as presentes e a que estão para vir. Um acordo de regime nessa área era fundamental. Eu desejo que seja possível.

O Porto deve receber refugiados? E tem condições para isso?

Essa é uma matéria que tem, em primeiro lugar, uma abordagem europeia mas que em termos nacionais está a ser conduzida pela Administração Interna. E o país já manifestou disponibilidade para poder acolher na ordem de quatro mil refugiados. É uma corresponsabilidade que devemos manter em termos daquilo que é a nossa quota parte na decisão europeia. O país no seu todo deve estar aberto a isso. Mas é uma matéria multidisciplinar, deve ser vista não numa lógica geográfica, mas dentro de uma avaliação integrada.

Está disponível para ir novamente para o Governo?

Estou focalizado nas eleições, em conseguir que a coligação ganhe com uma maioria estável, ou seja, maioria absoluta para que não fique refém dos amuos e dos humores de António Costa porque isso é determinante para que o país não volte para trás. Não podemos voltar a ser confrontados com a irresponsabilidade socialista. Essa é a prioridade das prioridades.

Se não for para o Governo, compromete-se a cumprir o mandato de deputado até ao fim?

Sim, claro. O compromisso perante os eleitores – a não ser que surja uma situação que não se consiga antecipar – é de levar o mandato até ao fim.

Que opinião tem de Alexandre Quintanilha? Conhece-o pessoalmente?

Cruzámo-nos uma ou duas vezes, mas não tenho convívio nem contacto pessoal. Só o conheço pelas atividades que desenvolveu e pelas funções que exerceu no âmbito  académico. No que diz respeito à sua intervenção como cabeça de lista, o facto de ele não ter participado nos debates importantes que já foram realizados parece-me que vai ao arrepio do que deve ser o próprio exercício de cidadania que sempre refere, de debater as ideias, e que são importantes para as escolhas a efetuar no dia 4 de outubro. E como ele é o representante do PS,  o maior partido da posição, a meu ver era absolutamente prioritário que tivesse participado nos debates. Apenas compareceu num, por escassos minutos e mesmo nesse, nas declarações que proferiu, tratou mais das matérias relacionadas com os EUA e com Londres, onde já viveu, e menos das que respeitam aos problemas do distrito e do país.

Abandonará a política, se…?

Não estou a contar abandonar a política.

E ficará até quando?

Até sentir que estou a cumprir um serviço público de participação que seja relevante para o coletivo.

sofia.rainho@sol.pt