Passos e Portas nem precisavam, de resto, desta multidão que desceu o Chiado até à Praça da Figueira para acreditar na vitória.
Bastam-lhes as sondagens para darem a vitória por certa. Resta saber qual a maioria.
As grandes incógnitas são ainda Lisboa e Setúbal – onde se jogam mais mandatos – mas também Faro e Coimbra onde as distritais receiam votações abaixo do esperado e as informações que vêm do terreno não são boas.
Com isso na cabeça, Passos e Portas fizeram os últimos discursos com apelos ao voto, acenando sempre com o risco da instabilidade política.
Passos e Portas sabem que quem está contra o Governo não mudará o sentido do voto, mas querem convencer os indecisos de que são o único garante da estabilidade.
E até o ambiente tenso foi propício a essa mensagem. Com as manifestações de taxistas e profissionais da GNR a decorrer, a coligação mostrou serenidade.
O vice-presidente do PSD, Pedro Pinto, tinha sido agredido há minutos e já Passos, no palco, falava sobre a moderação demonstrada pela PàF.
"Que grande lição de democracia", dizia para sublinhar a forma como a campanha decorreu sempre sob ameaça de protestos mas com a coligação a saber controlar as hostes e o líder sempre disponível para ouvir e explicar.
A narrativa final da campanha é essa. Um líder 'tolerante', 'moderado', disponível para os compromissos, que não usa sequer a palavra absoluta para reclamar a maioria que voltou a pedir.
Do outro lado, um António Costa 'radical e desesperado', mudando de discurso a cada dia, como voltou a frisar Portas no discurso.
Passos, esse, pede moderação quando nomeia o seu opositor e a multidão apupa.
O líder do PSD dramatiza: os portugueses correm o risco de ter um primeiro-ministro diferente daquele que escolheram se não derem maioria à coligação.
"Deve formar governo em Portugal quem ganhar as eleições", diz Passos, que sabe que pode contar com essa leitura por parte de Cavaco. E que terá beneficiado da dramatização feita pelo Presidente da República quando anunciou que não irá às cerimónias do 5 de Outubro.
Marcelo até pode ter criticado a atitude de Cavaco, mas no círculo mais próximo de Passos acredita-se que isso traz gravidade às eleições e que dessa dramatização pode nascer a maioria de que a PàF precisa.