“Manifestamente não me demito”, disse António Costa no discurso da noite eleitoral, anunciando uma Comissão Política do PS para a próxima terça-feira. Nesta reunião se perceberá se o líder socialista, derrotado nas legislativas, tem condições internas para ficar no cargo.
Há um grupo de seguristas que já pediu a demissão de António Costa, que inclui Mota Andrade, o ex-líder da distrital de Bragança que foi preterido nas listas eleitorais do PS. José Junqueiro, outro segurista, afirmou: “Se eu tivesse este resultado ia-me embora”. Já Ana Gomes deu a partida para as hostilidades internas quando, ao inicio da noite, se declarou “chocada” pelo resultado.
A declaração mais violenta veio de António Galamba, que em declarações à Lusa afirmou que “o que o Dr. António Costa fez ao PS e ao país é criminoso”.
O surgimento de uma alternativa de liderança, porém, passa por Francisco Assis, que se mantém em silêncio, e Álvaro Beleza, que não pediu ainda a demissão de Costa. Assis, o nome mais falado para o pós-costismo, optou mesmo por resguardar-se e nem sequer apareceu no papel de comentador televisivo, como estava anunciado.
Álvaro Beleza, o negociador da transição do segurismo, esteve no Altis a pedir uma discussão interna. “O partido tem que fazer uma forte reflexão e uma clarificação em relação ao que aconteceu”, disse o ex-secretário nacional do PS.
Esta noite ficou ainda a conhecer-se uma outra posição interna para lidar com a derrota. O soarista Vítor Ramalho faz parte de um grupo de socialistas que anunciou a pretensão de marcar um congresso para Março. Aparentemente esta é uma iniciativa de confronto com Costa. Mas o efeito prático poderá ser o de travar uma onda de contestação imediata ao secretário-geral do PS.