No texto, que deverá ser assinado esta quarta-feira de manhã, os dois partidos comprometem-se a um "diálogo no sentido de assumirem uma posição comum em relação à eleição presidencial de 2016".
A nuance em relação ao acordo de coligação assinado em Abril é clara: os dois partidos devem concertar-se numa “posição comum” e não entenderem-se para terem um “candidato comum”, como tinha ficado definido.
Com a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa dada como certa – o comentador confirmou-o ontem na TVI, faltando apenas o anúncio formal –, esta é a posição que melhor serve não só PSD e CDS como também àquele que é o candidato do centro-direita que se apresenta com mais hipóteses de vencer as eleições.
Marcelo prefere não ficar colado à coligação
Marcelo já deixou claro que preferia não ficar associado a um apoio partidário. O professor acredita que conseguirá uma base de apoio eleitoral superior à dos partidos da coligação e não quer ficar demasiado colado a PSD e CDS.
Essa foi, de resto, a atitude que manteve durante a campanha para as legislativas. Marcelo cumpriu os mínimos olímpicos, ao aparecer na arruada do Chiado onde estavam os líderes da coligação, mas não no almoço em Cascais onde, como ex-líder, seria natural que discursasse.
O objetivo foi demonstrar solidariedade sem ficar na fotografia ao lado de Passos e Portas.
Sem os líderes, Marcelo tem andado há meses pelo país numa verdadeira pré-campanha eleitoral, que começou com as comemorações dos 40 anos do PSD e continuou na campanha para as legislativas.
A convite das estruturas locais, Rebelo de Sousa fez um périplo de norte a sul que lhe permitiu atestar as possibilidades de vitória nas presidenciais. Mas fez também com os líderes das distritais se apercebessem do enorme capital eleitoral de Marcelo.
As receções ao comentador televisivo não podiam ter sido mais calorosas e – aliadas às hesitações de Rui Rio – fizeram com que até líderes de distritais que eram apoiantes de Rio percebessem que é Marcelo Rebelo de Sousa quem garantirá uma vitória. Mais: perceberam que declarar apoio a outro candidato pode gerar divisões internas nas distritais. E querem evitá-lo.
Passos evita dar o dito pelo não dito
Uma candidatura de Rui Rio é dada no PSD como cada vez mais improvável, mas a decisão de não apoiar qualquer candidato também serve o propósito de evitar divisões, caso o ex-autarca – agora contra todas as expectativas – decida mesmo avançar.
Mas não é só. Não apoiar qualquer candidato permite a Passos Coelho não ter de dar o dito pelo não dito em relação ao perfil presidencial que desenhou na moção que levou ao último Congresso do PSD e que deixava Marcelo claramente de fora.
Na coligação, Marcelo Rebelo de Sousa já é dado como o candidato vencedor para as próximas presidenciais. Agora, os sociais-democratas já não falam no “catavento mediático” de que Passos falava na moção. E preferem destacar o espírito “institucionalista” do professor. Mas o mais importante mesmo é garantir em Belém um Presidente da área política da coligação.