No Bloco de Esquerda, parece existir alguma indecisão sobre o que fazer a seguir: entrar num governo liderado pelo PS, ou concretizar um acordo de incidência parlamentar, ou não fazer nada. A última é a menos provável, mas das duas primeiras eu não faço apostas. Insisto: o Bloco é agora a terceira força parlamentar em Portugal, e ir para o governo é quase uma responsabilidade.
Onde de certeza que não haverá divisões é no PCP, o mais disciplinado dos partidos portugueses, e que tem, pela primeira vez em 40 anos, hipóteses de entrar no governo. Aproveitará a oportunidade?
Uma última divisão é a possível entre os partidos de esquerda. Porque, a não ser que o PS se abstiver, um governo PSD/CDS não passa. E, se os partidos não se entenderem, podemos ter novas legislativas daqui a alguns meses. Não seria o fim do mundo, mas é desejável que o país seja governado por um governo maioritário, que dure quatro anos. E, na atual conjuntura, isso só é possível com uma coligação PS – PCP – BE. Esse cenário causa um calafrio na espinha a muita gente, mas a direita não tem o monopólio do bom senso.